terça-feira, 30 de maio de 2023


Perrengues a bordo e no caminho

Antes de começar a viajar, pesquisaram todos os lugares que queriam conhecer e traçaram uma linha que, por enquanto, seguem com poucos desvios, alguns motivados por pessoas encontradas no caminho, em viagem ou não - surpreenderam-se, aliás, com a quantidade de gente se deslocando de motorhome. Como eles pretendem chegar a Ushuaia antes do inverno em 2024, ainda não decidiram se vão completar todos os 27 Estados brasileiros - certo é que vão visitar os Lençóis Maranhenses e subir o Monte Roraima. Depois, querem descer pelo Centro-Oeste e chegar a Farroupilha para visitar a família antes de empreender a parte mais desafiadora de sua viagem, a rota de Ushuaia ao Alasca.

Até o Alasca (2): a viagem de Tais e Luiz

O futuro

Não é estranho que tantos viajantes sonhem traçar o roteiro de Ushuaia - no extremo sul da América do Sul -, ao Alasca, um dos 50 Estados norte-americanos, com 5% de seu território recoberto por geleiras e chamado de a "última fronteira". É um desafio e tanto percorrer esses mais de 17 mil quilômetros entre um ponto e outro, seja da forma que for. Na semana passada, mostrei o projeto de Ale & Duda, do GetOutside, que iniciaram sua rota em 2020 e, ainda que impedidos pelo fechamento das fronteiras na pandemia, atingirão um dos objetivos, o Alasca, neste mês de junho.

Agora, é a vez de Tais e Luiz que, assim como o outro casal, viajam a bordo de um motorhome. Tais Ires Rancan, 31 anos, e Luiz Vinícius Canei, 31, abandonaram os respectivos empregos, o apartamento de quatro dormitórios e a vida confortável em Farroupilha (RS) para traçar essa mesma rota. O nome do projeto deles é um trocadilho com a forma com a qual decidiram se mover e viver: Viajo de Casa. Na estrada desde julho de 2022, por enquanto palmilham o Brasil de Sul a Norte - já haviam passado por 10 Estados quando conversamos e eles se encontravam em Maceió.

O sonho dos dois, juntos há quase oito anos, tem um marco inicial: começou em 2018, com a primeira viagem aérea de Tais, aos 27 anos. E não foi logo ali, não. Ela acompanhou Luiz no desejo que ele tinha de visitar o Japão, após se conhecerem na empresa em que ela trabalhava como designer e para a qual Luiz prestava serviço como técnico em informática. Ao ir para o outro lado do mundo, Tais, que até então só havia chegado até Santa Catarina, acabou picada pela mesma mosca viajante que já contaminava Luiz desde muito cedo.

Pensaram, os dois, em várias formas de viajar - inclusive testando algumas - e economizaram antes de lançarem-se ao projeto em que estão metidos até a medula com um roteiro delineado: primeiro o Brasil, depois, de Ushuaia ao Alasca e, por último, uma volta ao mundo sem data para acabar.

Além de brincar com a dificuldade de conseguir erva-mate para o chimarrão depois de o estoque acabar, a principal reclamação é o calor. É que eles prepararam o motorhome de oito metros quadrados para o frio, mas não para altas temperaturas. O jeito é, durante o dia, buscar locais com ar-condicionado para trabalhar. Entre os perrengues, descrevem, rindo, o dia em que o motorhome atolou e parou de funcionar, em Ilhéus, na Bahia. Abrigaram-se por dois dias numa fazenda de cacau. E surpreenderam-se com a solidariedade dos seguidores do Instagram que tentaram ajudar, inclusive fazendo chamadas de vídeo. Apesar de terem ficado felizes com o apoio, não conseguiram resolver o problema sozinhos e levaram mais de uma semana para consertar o veículo.

ROSANE TREMEA 

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