segunda-feira, 29 de maio de 2023


29 DE MAIO DE 2023
MIRANTE DO MORRO SANTA TEREZA

Uma paisagem cada vez mais esquecida

Mesmo com o crescente investimento da prefeitura e do setor privado em turismo, um dos mirantes para a vista mais consagrada de Porto Alegre está há mais de uma década sem investimento em estrutura para receber visitantes. Oficialmente chamado de Belvedere Ruy Ramos, no alto do Morro Santa Tereza, a laje cercada por gradis no sopé de um barranco esteve nos planos do Executivo municipal antes da Copa do Mundo de 2014, mas depois, não.

Na manhã da última quarta- feira, ZH esteve no local. A estonteante paisagem, que é composta pelo horizonte de prédios, aviões chegando ao Aeroporto Salgado Filho, as pontes e a orla do Guaíba, contrasta com o visual de abandono do mirante. Algumas grades que o cercam estão caídas, uma delas amarrada com um plástico ao corrimão superior que funciona como parapeito.

Ao longo da meia hora que ficamos no local, nenhum visitante se aproximou da laje a pé ou em automóvel. Em redor dela, pichações e lixo descartado irregularmente na vegetação completam o cenário que seria supervisionado por uma câmera de monitoramento da prefeitura, caso ela ainda estivesse instalada no poste que está com os fios soltos pendurados no suporte.

Plano

Quem é responsável pela manutenção do local é a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus). A pasta diz que estuda uma forma de captação de recursos para revitalização. Entretanto, não há, ainda, projeto arquitetônico, prazo ou objetivo definido.

A Smamus ainda afirma que um plano antigo, de 2012, pretendia construir uma estrutura que receberia visitantes que quisessem observar a cidade e o Estádio Beira-Rio, aproveitando a oportunidade e os turistas da Copa do Mundo de 2014. A comunicação ressalta que este projeto não é mais considerado, por ter como destaque elementos de decoração que fariam referência ao futebol, como uma bola.

Entorno

A poucos metros do mirante, um grupo de nove crianças brincava em uma pracinha que separa a Rua Correia Lima do barranco onde fica o mirante. Sob supervisão de uma mulher, chutavam uma bola de futebol, se revezavam em duas gangorras, uma pulava corda, outra se pendurava em um balanço, e todas pareciam estar se divertindo no espaço. Em volta do terreno, as lotações Menino Deus e seus motoristas faziam intervalos entre as viagens. Um dos trabalhadores das lotações relatou que visitantes aparecem por ali, eventualmente, e que ele e os colegas não se sentem inseguros ao frequentar a região.

ROGER SILVA

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