terça-feira, 30 de maio de 2023

Presidente da Corsan anuncia saída do cargo antes de concluir privatização da estatal

Em coletiva, Roberto Barbuti fez um balanço positivo de sua gestão
Em coletiva, Roberto Barbuti fez um balanço positivo de sua gestão
CORSAN/ DIVULGAÇÃO/ JC
O diretor-presidente da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), Roberto Barbuti, anunciou nesta segunda-feira (29) que irá deixar o cargo depois de quatro anos de gestão. Segundo informou, os motivos para o anúncio repentino são pessoais, incluindo um convite para um novo projeto profissional. Apesar disso, Barbuti não deu prazo para deixar oficialmente a sua função na estatal, nem revelou a oportunidade que o fez deixar a empresa às vésperas da privatização do órgão. 
Ele deve seguir no cargo até que o governador Eduardo Leite (PSDB) anuncie o próximo titular, o que ainda não foi definido pelo Palácio Piratini. Em coletiva, Barbuti aproveitou para fazer um balanço de sua gestão, ressaltando os investimentos dos últimos quatro anos, as mudanças na governança e o projeto de privatização, atualmente travado por liminar do Tribunal Regional do Trabalho e no Tribunal de Contas do Estado (TCE).

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Em 2022, a Corsan fez investimentos na casa dos R$ 600 milhões em CAPEX, mas para cumprir a meta de R$ 15 bilhões até 2033, precisa aumentar a velocidade dos investimentos. "Buscamos maior eficiência, mas a velocidade ainda não é a ideal. Nós dobramos os investimentos, mas teríamos que quadruplicar. A Corsan é cobrada pela qualidade, pelas entregas, mesmo que tenhamos melhorado bastante, isso só será viabilizado quando não houver mais amarras que colocam a empresa estatal num pé de desigualdade em relação a uma empresa privada", considerou o presidente.
De acordo com Barbuti, o ciclo da sua gestão cumpriu o esperado, inclusive, no que diz respeito à privatização do órgão, que foi arrematado em leilão em dezembro do ano passado pelo grupo Aegea. A previsão de assinatura do contrato era até 20 de março, mas processos no Tribunal de Contas do Estado (TCE) e no Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região seguem barrando a conclusão da privatização. "Temos aprovação do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para ser concluído, o que dependia da empresa foi feito, busquei cumprir o planejamento, mas agora tenho que buscar outras alternativas", explicou. 
O próximo nome para dar seguimento no processo de privatização, segundo o presidente, deve ser uma decisão que "sinalize a continuidade." "Posso opinar, mas a decisão não é minha, a análise está com o governo. A companhia tem mais de uma alternativa de perfil para conduzir a reta final [da privatização].

Relatora do processo de privatização da Corsan no TCE é convocada na AL

No mesmo dia em que o diretor-presidente da Corsan Roberto Barbuti anunciou que está de saída do cargo, uma reunião extraordinária da Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, realizada nesta manhã (29), aprovou por unanimidade a convocação da conselheira-substituta do Tribunal de Contas do Estado, Ana Cristina Moraes Warpechowski, relatora do processo de privatização da Corsan no Tribunal.

O vice-presidente da comissão, deputado Rodrigo Lorenzoni (PL), fez a defesa da convocação da relatora e também do convite ao procurador-geral do Ministério Público de Contas do RS, Geraldo Da Camino. Ele deverá falar sobre o aspecto sigiloso do processo de privatização da Corsan.

A decisão de convocar a conselheira e convidar o procurador-geral foi tomada depois do TCE ter recusado o pleno acesso dos integrantes da comissão a documentos e auditorias que integram o processo de venda da estatal. 
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto do Estado do Rio Grande do Sul (Sindiágua RS), Arilson Wünsch, a convocação representa uma "derrota retumbante" no processo de privatização. "Os deputados aprovaram por unanimidade, tanto os do governo quanto os da oposição. Ela [Ana Cristina Moraes] vai estar em uma conversa com os deputados onde poderá esclarecer algumas partes do processo, incluindo o sigilo de valuation da empresa", disse. A Corsan foi vendida por R$ 4,1 bilhões. 
Segundo Barbuti, o tema da avaliação é bastante complexo. "Foi analisado com muita profundidade por quem tem essa capacidade técnica." Ele disse também que entende o debate pela questão da transparência. "Totalmente legítima", considerou. O presidente da Corsan acrescentou que para a empresa o processo de privatização é uma "tranquilidade." "O processo foi feito da forma que deveria ser feito, não tem nada que não possa ser explicado para quem tem conhecimento." Perguntado pela reportagem se isso poderia atravancar a privatização, o presidente da Corsan afirmou que "quanto tempo vai demorar eu não sei dizer."
Com a convocação de Ana Cristina, o contrato não deve ser assinado em maio, como esperava a empresa que arrematou o leilão. "Acredito que a assinatura está mais longe do que perto", refletiu o presidente do Sindiágua.

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