BASTA UMA SÓ MULHER PARA FAZER UM PAÍS MAIS FELIZ
Assim como toda criança nasce feliz, dentro de todo adolescente que se preze tem que ter uma boa dose de rebeldia. Que vai desde? "o mundo não me compreende?" até "quero mudar tudo porque não concordo com nada!". A proposta nessa época da vida é sempre grandiosa, ousada, tem a audácia dos que sonham.
Todo jovem saudável tem uma natureza inconformista, sente que não pertence, acha tudo um absurdo. Quer ir contra o status quo, não quer repetir os erros das gerações que o antecedem.
Ele veio pra mudar todas essas convenções idiotas que não o traduzem. O que fazer e por onde começar? E como diz a canção, se os nossos ídolos ainda são os mesmos, vamos também sem perceber, acabar sendo como os nossos pais?
Mas se a gente pensar bem, a cada nova geração a coisa muda aos poucos. As ideias se ampliam, uma semente desse entusiasmo fica e nos tornamos agentes de alguma transformação. Até que de repente, numa dessas, vem Rita Lee e transforma tudo em maravilha.
A nossa Santa Protetora de todas as ovelhas negras das famílias já chegou propagando rebeldia. Mostrando aos mais comportados que era possível ter liberdade, humor e fantasia. Desfraldando convenções com a magia do lúdico. Com ela é possível criar uma realidade, inventar uma persona e o resultado é a alegria geral da nação.
A Rainha do Rock da Beleza, a Feiticeira que abriu a caixa mágica da criatividade e foi nos mostrando a Sabedoria de Todas as Coisas. A mulher que um dia resolveu mudar e fazer tudo o que queria fazer. E fez. E fez muito mais por todos nós do que seria possível sonhar. Com ela o sonho nunca acabou. O sonho foi se reinventando e seguiu mutante transformando e abrindo todas as portas da sua belíssima alma.
Tive a alegria de compartilhar momentos próximos com a Rita. Teve muita troca, conversa e risada. Tínhamos em comum um instinto de desobediência, uma certa indignação e uma vontade de abraçar o mundo.
Conversei com ela algumas vezes e numa dessas gravamos meu programa Gente de Expressão. Uma conversa de intimidade, sem máscaras, uma entrega feliz. Uma vez disseram numa matéria que nós falamos sobre o prazer da mulher, ela na música e eu na poesia, de uma forma inovadora. A gente simplesmente botou nossa verdade pra fora com vontade de dizer pro mundo: chega de repressão!
Num outro grande momento tive a delícia de estar com ela no palco, carregando a netinha dela no meu colo. Um desses presentes da vida, cantando junto "Toda mulher quer ser feliz".
Rita nos deixou e o nosso desejo continua. Todas queremos ser felizes. E podemos nos ajudar umas às outras, assim como a Rita nos ajudou a todas. Ela com certeza cantou sentimentos de todas nós, explodiu a paixão e nos libertou de papéis opressores.
A coragem da Rita deixou um lastro por várias gerações e um rastro luminoso que a gente segue pra não se perder mais no caminho. Ela teve uma linda e duradoura história de amor e nos fez amar mais e melhor.
Basta uma só mulher para fazer um país mais feliz.
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