segunda-feira, 1 de maio de 2023



01 DE MAIO DE 2023
CARPINEJAR

Homens não sabem amar mulheres independentes

- Não sabemos amar quem não precisa de nós. Minha irmã Carla me saiu com essa pérola de nossa conversa diária. Foi como um insight de terapia, quando deixamos a sessão no momento inspirado em que nos aproximamos de uma verdade. Tive que desligar e levar a lição para casa.

Eu parei para pensar o quanto ela tem razão. Por isso, homens se acovardam diante de mulher independente, autônoma e bem resolvida. Fogem de compromisso com quem não precisa deles. Podem até dizer que gostam de ser bancados, mas, de dentro para fora, envergonham-se de receber menos ou de ter menos visibilidade e sucesso.

Admitem a igualdade, mas a igualdade é o teto da convivência, jamais deve estar acima deles. Persiste aquela máxima de que "por trás de todo grande homem, existe uma grande mulher". Por trás, sempre atrás. Ela não pode estar um passo à frente que ele já fica inseguro.

No interior dos preconceitos, é a mulher que deve ajudar o homem a crescer na sua carreira, é a mulher que deve acompanhá-lo na mudança de cidade, é a mulher que deve priorizar a família. Ela é agradável apenas na figura de coadjuvante, de sombra, de apoio. Comportar-se socialmente seria o equivalente a desaparecer, a não chamar atenção, a esconder a própria autoridade.

Há uma dificuldade de aceitar uma mulher que já tem filho, que já tem gostos culturais declarados, que já tem suas paixões ideológicas definidas, que já tem suas viagens planejadas, que já tem seus amigos escolhidos, que já tem sua agenda de lazer movimentada, que já tem seu tempo ocupado com as suas responsabilidades.

É como se os homens buscassem alguém sem personalidade, sem passado, maleável, de argila. Alguém de que pudessem obter a fácil exclusividade da dependência. Quanto menor a idade, maiores as chances de manipulação.

Portanto, não pretendem dividir a vida, anseiam por uma pessoa que viva a vida deles. Priorizam quem não consegue permanecer distante, quem é sentimentalmente frágil, quem morre de saudade, quem renuncia a tudo para estar ao lado, quem não consegue se cuidar.

Existe, na fachada do romantismo, a exploração pelo apego. Parece que só se atraem por quem depende de suas presenças a todo momento. De suas orientações. De suas proteções. Querem se sentir importantes e úteis pelo ciúme e pela possessividade, e se mostram incompetentes para admitir o livre-arbítrio.

São violentos quando abandonados, são recalcitrantes nas despedidas, são vingativos nos términos de relacionamento. Não suportam a ideia de não serem amados porque só sabem amar quem precisa deles.

Ainda não entenderam que amor é escolha, não falta de opção. Ainda estão no berço da agressividade do medo, muito longe de crescer emocionalmente e de desenvolver as noções básicas de respeito.

CARPINEJAR 

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