Na moda
Há palavras que entram na moda, ninguém sabe bem por quê. Você começa a encontrá-las cada vez mais, em textos e conversas. Não são, necessariamente, palavras novas, são palavras resgatadas que têm seu momento de destaque e podem sair de moda como entraram, misteriosamente. Por exemplo: protagonismo.
Um protagonista é alguém que ganha notoriedade e importância pela sua participação na atualidade nacional, e pode influenciar os acontecimentos com sua atuação em cena. Como outros atores, um protagonista pode ser bom ou ruim, talentoso ou canastrão, desde que seja ouvido e pelo menos pareça ser influente. O Supremo Tribunal Federal ganhou um protagonismo inédito nestes últimos conturbados tempos, o que significou um torneio interno entre ministros para saber quem é mais protagonista. Está dando empate.
Outra palavra na moda é "icônico". Significa algo mais do que apenas superior, algo simbólico reverenciado sem reservas, de valor antigo e eterno. Ícones, na origem, eram figuras religiosas, mas a palavra "icônico", como está sendo usada, representa qualquer figura venerada, do Santo Pai ao Roberto Carlos. "Ícone" não é sinônimo de ídolo, mas sua vulgarização pode dar nisso. Como consolo, pense de quantas pessoas hoje chamadas de protagonistas no Brasil se pode dizer que são ícones ou coisa parecida? Parte da nossa tragédia se deve a isso, protagonistas demais e ícones de menos.
PAPO VOVÔ
Uma combinação de idade com sequelas de males passados fez com que eu ande devagar, testando o chão com cada passo. No outro dia, me aproximei da mesa do almoço, onde todos já estavam sentados, e ouvi nossa neta Lucinda, de 10 anos, dizer: "Aí vem The Flash". Agora essa, uma neta irônica.
DESCULPE
Na última coluna, escrevi sobre uma Bienal Literária em Fortaleza e sobre as delícias do Ceará. Enganei-me. A Bienal era em Belém do Pará. Todos os elogios a Fortaleza ficam transferidos para Belém, inclusive os do sorvete de cupuaçu. Desculpem.
L.F. VERISSIMO
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