sábado, 16 de junho de 2018


16 DE JUNHO DE 2018
RBS BRASÍLIA


A MAIS NOVA CONFUSÃO DO GOVERNO TEMER

A medida provisória que destinou recursos das loterias para a segurança corre o risco de ser desfigurada ou enterrada pelos deputados federais com o apoio de atletas e artistas. Na ânsia de anabolizar uma pauta positiva, um dia antes de reunir chefes de polícia de todo o país, Michel Temer anunciou um fundo formado com essa verba para investir em segurança. Seria motivo de grande comemoração se não estivesse sugando verbas de outras áreas fundamentais, como esporte e cultura. Uma ação que conseguiu unir grandes nomes do mundo esportivo e cultural em uma cruzada contra a MP. Sobrou para o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, aumentar o tom contra o próprio Planalto:

- Cortar recursos da cultura em tempos de crise é uma postura burra.

Na sequência, ele emendou, dizendo que não se referia ao corte do dinheiro das loterias. Isso porque está tentando negociar a recuperação das verbas. Quem sabe, diminuindo o valor dos prêmios das loterias. E também porque ministro que chama o próprio governo de burro, mesmo por tabela, está pedindo para ser demitido. Aliás, esse é o clima em Brasília: de fim de festa. Ministros não tão próximos a Temer já não se empenham na defesa do governo, assessores dão demonstrações de que já jogaram a toalha.

Neste caso específico da MP do fundo da segurança, parece até que o governo perdeu a mão na área em que sempre nadou de braçada: a articulação política. Ministros das duas pastas prejudicadas, técnicos e parlamentares aliados não foram chamados para conversar e tentar encontrar uma saída negociada. Integrante da Comissão do Esporte na Câmara e ex-campeão Mundial de Judô, João Derly (Rede) sentencia:

- A MP arrebenta com o esporte brasileiro.

O principal argumento do deputado gaúcho é que a medida retira R$ 500 milhões do setor, verba que faz falta para jovens atletas, mas que não resolve os problemas da segurança. Somente para a intervenção no Rio de Janeiro foram direcionados R$ 2 bilhões e, após quatro meses, a situação ainda é bastante crítica. Não há dúvida de que essa MP também foi fruto do improviso, enquanto o país está de olho na Copa do Mundo. Aliás, nenhum governo implementa políticas sérias na segurança, na cultura e no esporte tomando decisões de última hora.

Enquanto isso, o presidente Michel Temer deixou Brasília na sexta-feira (15) para se encontrar com os advogados em São Paulo. Ele só pensa naquilo: na sua própria defesa contra as suspeitas de corrupção.

CAROLINA BAHIA

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