sexta-feira, 22 de junho de 2018



22 DE JUNHO DE 2018
ARTIGO

ALÉM DE EMOÇÃO, LÓGICA E RAZÃO A HORA DO ENTENDIMENTO

É lamentável que, até agora, as autoridades não tenham chegado a uma conclusão definitiva sobre a origem do maior surto de toxoplasmose do Brasil. A entrevista no programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, em que o ministro da Saúde, Gilberto Occhi, apontou a água como responsável em Santa Maria não ajudou. Fontes de água costumam estar na origem de casos semelhantes. Ainda assim, é importante evitar precipitações que, neste momento particularmente tenso e delicado, podem estimular uma parcela de gaúchos hoje mais exposta à doença a se descuidar de providências essenciais de prevenção. Isso só contribuiria para agravar ainda mais um problema que é sério e inquieta a todos.

Conscientes de que o momento se presta mais para esclarecimento com base em informações precisas, e não para pânico, organismos de saúde e o próprio ministério apressaram-se em divulgar comunicados que não endossam a fala do ministro. O único fato concreto, porém, é que as dúvidas em relação à presença ou não na água do DNA de Toxoplasma gondii, o agente causador da doença, se mantêm. Dois meses depois da confirmação do surto no Estado, a população segue às escuras sobre a causa e vem sendo submetida a uma confusão de dados e a declarações divergentes.

Diante de tantas incertezas, as pessoas precisam se proteger, seguindo as recomendações básicas de prevenção. É dever de todos, incluindo o poder público, reforçar para os gaúchos a necessidade de persistirem em cuidados básicos, como manter as mãos limpas, cozinhar bem os alimentos e ferver a água para consumo. Ao poder público, cabe assegurar, no devido tempo, o acesso aos medicamentos necessários e ao tratamento recomendado.

O surto de toxoplasmose desafia as autoridades da área da saúde a se entenderem sobre a causa e o combate ao que já é um dos maiores dramas sanitários da história recente no Estado. Diante da gravidade assumida pelo problema, é importante também que seu enfrentamento possa superar entraves como os impostos pela burocracia, permitindo maior celeridade na adoção de providências. Só haverá avanços na rapidez necessária com maior integração entre técnicos de diferentes instâncias da federação, sem qualquer margem para divisionismos em relação a um desafio que precisa ser enfrentado com a união de todos.

Futebol é esporte, mas com fortes elementos cênicos, dramatúrgicos e estéticos.

A energia gerada numa partida faz nascer novos heróis.

O jogador poderia ser o ator. O técnico seria o diretor de teatro, sendo que este, durante o jogo, pode mexer no time que está em ação. Outra diferença é que no teatro o público entra e encontra o cenário pronto, enquanto na partida é o jogador quem depara com o cenário montado na arquibancada.

Mas qual o motivo de o futebol transcender todas as fronteiras de emoção, lógica e razão?

Talvez esteja no fato de que numa peça a pessoa pode até se identificar com um dos personagens, vibrar pelo vencedor, mas há uma distância entre ela e o personagem. No futebol, o torcedor é de fato o vencedor, quando seu time ganha. A torcida delira, uma verdadeira catarse, e sem dúvida nenhuma é a principal envolvida no jogo. Afinal, toda a máquina esportiva existe por causa dela.

A torcida é um corpo vivo e ver aqueles milhares de torcedores chegando juntos, num movimento orgânico, rumo às arenas, tem uma emoção especial. Não há entretenimento em geral sem um local adequado e essas arenas são projetadas para a participação pacífica de multidões. Talvez nada se pareça mais com um estádio de futebol do que um teatro grego. Teatro e futebol, em seus aspectos originais, representam um diálogo entre a experiência terrena e as dimensões divinas de nossa existência. Tudo para celebrar o tempo presente, para aproximar os mortais dos imortais.

Com relação ao tempo, o futebol é mais regrado. Mas, para os dois, o tempo não passa, ele voa. E não há segredos que o tempo não revele. Até hoje não entendo como pode ter faltado tempo na Copa de 1982 para o Brasil marcar mais gols, ou como Julieta não acordou a tempo para salvar Romeu e viver seu grande amor. Que nesta Copa o tempo esteja a nosso favor.

BOB BAHLIS

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