sábado, 2 de abril de 2011



02 de abril de 2011 | N° 16658
ANTONIO AUGUSTO FAGUNDES


Pedro Lousada Balaústre

Diz a Wikipedia que há muitas explicações para o 1º de abril ser considerado o Dia da Mentira. A mais aceita delas diz que a origem vem da França. Desde o começo do século 16, o Ano Novo era festejado no dia 25 de março, data que marcava a chegada da primavera.

As festas duravam uma semana e terminavam no dia 1º de abril. Em 1564, depois da adoção do calendário gregoriano, o rei Carlos IX da França determinou que o Ano Novo passaria a ser comemorado no dia 1º de janeiro. Alguns franceses resistiram à mudança e continuaram a seguir o calendário antigo, pelo qual o ano iniciaria em 1º de abril. Gozadores passaram então a ridicularizá-los, a enviar presentes esquisitos e convites para festas que não existiam.

No RS há uma longa tradição de brincadeiras de Dia dos Bobos, mentiras e trotes – nem sempre inocentes: pessoas que teriam morrido, adultérios que teriam sido descobertos... No Alegrete, certa feita, um bando de gozadores velou um “morto”, com aviso até na rádio e o “morto” simplesmente se levantou do caixão no meio do velório, causando um bochincho bárbaro.

O melhor Dia dos Bobos que o Estado já viu durou um ano inteiro. Jovens jornalistas, uns gozadores de marca maior que trabalhavam na sucursal de um respeitado veículo de comunicação, simplesmente inventaram um grande empresário, adornaram-lhe a biografia com êxitos invejáveis na indústria e no comércio e não descuidavam de enviar as notas assim inventadas para outros órgãos de imprensa, para políticos, autoridades e sobretudo colunistas sociais, sempre ávidos para prestigiar pessoas de sucesso.

Os gozadores eram Rogério Mendelski, que era o líder, José Antonio Pinheiro Machado (o Anonymus Goumet) e Paulo Totti. A eles se juntaram em seguida Roberto Appel e Luis Fernando Verissimo, vejam só.

O empresário inventado chamava-se Pedro Lousada Balaústre. O homem nascera em Maravilha, Santa Catarina, cidade que o poeta gaúcho Juca Ruivo fundou no sertão catarinense (e isso não é gozação).

Balaústre, segundo as notas dos gozadores, atuava em várias frentes, em uma suposta Ivanhobras, com negócios jurídicos na Ivanholex, chefiada por um certo Dr. Euclides Campari. Lá pelas tantas, jornalistas da Veja descobriram a gozação e resolveram simplesmente “matar” o Dr. Pedro Lousada Balaústre, comunicando o passamento aos principais órgãos de imprensa. Na Assembleia Legislativa, a “morte” do ilustre heterônimo mereceu voto de pesar, o mesmo acontecendo, por incrível que pareça, no Congresso Nacional.

Tem gente que até hoje ri da gozação – um Dia dos Bobos que durou um ano, praticamente.

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