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sexta-feira, 2 de julho de 2010
02 de julho de 2010 | N° 16384
L. F. VERISSIMO
As decepções
Estou escrevendo de pé, como o Hemingway. Ele escrevia de pé para que escrever se parecesse mais com uma nobre ação de macho.
No meu caso, é porque estava difícil conseguir alojamento em Port Elizabeth e acabamos neste pequeno apartamento de hospedes numa casa particular. Quarto e cozinha conjugados e banheiro.
Ótimo, muito simpático, mas sem lugar para sentar com o lepitópi, que está em cima da mesa da pia. Não sei se o Hemingway aprovaria.
Reflexões sobre as decepções da Copa, enquanto esperamos Brasil e Holanda. O entusiasmo dos ingleses com a sua seleção – a tal geração dourada de artistas da liga mais rentável e espetacular do mundo – era baseado numa miopia. Não se davam conta que a Premier League é o que é pelos jogadores estrangeiros que abrilhantam seus campeonatos.
Um time como o Arsenal chega a ter a maioria dos jogadores importados de outros países. Não ajudou o fato de alguns dos nativos, como Rooney, estarem fisicamente mal e emocionalmente desmotivados. Nem deveriam ter jogado.
No fim, os ingleses foram roubados. Não apenas pelo juiz que não deu aquele gol, mas por empregados do hotel em que estavam hospedados, que levaram até suas cuecas. Um fim lamentável, mas melancolicamente apropriado para uma história de desenganos.
O Cristiano Ronaldo decepcionou os portugueses que o tratam como um deus, mas também quem só esperava ver um mortal bom de bola fazer o que sabe. Fez apenas um gol, e mesmo assim porque a bola, compungida, só faltou cair aos seus pés e pedir “Me chuta, Ro!”. A impressão que ficou é que o Cristiano Ronaldo gostaria de interagir mais com seus companheiros da seleção, mas que seu ego ciumento não deixa.
Itália e França, logo os dois finalistas da Copa de 2006, ou por causa disto, foram as maiores decepções de todas. A Itália envelheceu e desaprendeu, com a França ninguém sabe bem o que aconteceu. A tese da maldição (deuses irlandeses puniram o fato da França ter eliminado a Irlanda com um gol ilegal, condenando-a ao ridículo) é literariamente atraente, mas só isso. Ninguém sabe.
Lendo o que escrevi, acho que ficou evidente que fiz o possível para não falar no jogo de logo mais. Nem para dar instruções sobre o que fazer para parar o Robben (matá-lo no primeiro minuto). Também acho que ficou evidente que escrever de pé não me aproximou do estilo do Hemingway. Prevaleceu a proximidade da pia.
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