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02 de fevereiro de 2009
N° 15867 - LUIZ ANTONIO DE ASSIS BRASIL
Acordo ortográfico
Assiste-se, em nossos dias, a uma irresponsável dramatização de algo que é, na essência, bastante simples. Fala-se em reforma da língua portuguesa. Diz-se, na atual histeria do politicamente correto, que a pseudorreforma seria um atentado à diversidade dos povos. Na verdade, o acordo ortográfico apenas busca unificar, junto com outras nações de língua oficial portuguesa, o modo de escrever alguns vocábulos. Nada a ver com a língua que falamos em nosso país.
O saboroso léxico brasileiro, que nos distingue, permanece rigorosamente igual, assim como acontecerá em Portugal, Cabo Verde, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.
Trata-se de uma sucessão de equívocos, mesmo quando falam os escritores. Por parte dos editores, poder-se-ia entender alguma queixa, tendo em vista os famosos estoques de livros; ora, é um argumento inconsistente, porque a) os editores brasileiros não irão vender seus possíveis estoques em Portugal; b) no atual sistema de impressão on demand não há mais estoques.
As facilidades da era digital permitem que um editor mande imprimir livros em pequenas quotas, segundo o mercado. E para alterar palavras, basta um comando no processador de texto e tudo está ortograficamente correto em um segundo.
Ultrapassada também está a polêmica envolvendo Antonio Houaiss e seu dicionário; em clima de franca difamação, afirmava-se que o dicionarista era favorável ao acordo porque pretendia vender cá e em Portugal a sua consagradora obra.
Só quem não conheceu a integridade intelectual de Houaiss poderia lançar essa lama sobre seu nome. Por sorte, porém, isso não se fala mais; além do que, o Houaiss é muito vendido em Portugal, mesmo sem as alterações ora vigentes.
O acordo não surgiu de uma veleidade saudosista e romântica, que iria unir a lusitanidade; nada disso. O acordo surgiu simplesmente porque era necessário dar maior visibilidade à língua portuguesa no âmbito internacional, com vistas à adoção do Português como uma das línguas oficiais da ONU.
Preservadas as peculiaridades de cada país, de cada região da nacionalidade, escrever uma palavra com acento ou sem acento não implica perda de tudo que nos caracteriza e que levamos séculos para construir.
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