quinta-feira, 10 de janeiro de 2008



10 de janeiro de 2008
N° 15474 - Nilson Souza


Propósitos

Aí vão minhas cinco resoluções para o Ano-Novo - sem a pretensão de que possam inspirar alguém, mas com o indisfarçável objetivo de que este compartilhamento público me constranja a cumpri-las.

Neste ano que chegou luminoso e promissor, separarei pelo menos uma manhã por semana para saboreá-la ao meu gosto, sem a obrigação de levantar cedo, sem a urgência de qualquer compromisso, sem a necessidade de enfrentar o trânsito, consultar o relógio ou fazer compras. Minha preferência é pelas quintas-feiras.

Portanto, não contem comigo na manhã de hoje, porque provavelmente estarei caminhando sem rumo e sem vontade de voltar, embora consciente de que o encanto do alienamento quebra-se ao meio-dia.

Mesa limpa. Meu segundo propósito é manter minha mesa de trabalho livre de papéis inúteis, leituras adiadas, envelopes usados, canetas sem tampa ou qualquer outro material que incite o espírito ao desleixo e à inércia.

Sei que isso parece obsessão, respeito quem consegue produzir no meio da bagunça, mas me sinto melhor e mais inspirado olhando para uma superfície limpa do que para uma pilha de revistas e jornais velhos.

Pretendo, também, organizar minhas leituras. Terminei 2007 com muitos livros começados e uns poucos concluídos. Mas li do início ao fim, no último dia do ano, um dos meus presentes de Natal - o amargo Homem Comum, do norte-americano Philip Roth.

Em 2008, pretendo virar últimas páginas de livros cuidadosamente selecionados pelo menos uma vez por mês.

E serei implacável com textos que me bloquearem os neurônios. Estes não ficarão mais nas torres gêmeas da minha mesa de cabeceira.

Também usarei este ano que ninguém usou ainda para dar mais atenção aos verdadeiros tesouros da rotina - os afetos familiares, os amigos, as crianças, os pássaros, as borboletas e os lírios do campo.

Por fim, planejo abolir a pressa do meu vocabulário. Li outro dia um interessante artigo que rotulava a pressa como presumível oitavo pecado capital, esquecido pelo açodado legislador na ânsia de terminar logo o seu regulamento. Pois bem, meu quinto propósito é revogá-lo, nem que leve o ano todo.

Sei que vivemos na era da instantaneidade, das respostas rápidas, das decisões definitivas. Digite-se e cumpra-se. Mas vou fazer esse exercício.

Aliás, já comecei: tanto que só estou concluindo os meus propósitos de Ano-Novo agora, quando 2008 já chega ao seu 10º dia.

Manhã livre, mesa limpa, um bom livro, amigos e afetos, nenhuma pressa... Acho que estou precisando de férias.

Uma excelente quinta-feira para todos nós, ainda com temperatura muito alta neste Rio Grande.

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