quarta-feira, 2 de janeiro de 2008



02 de janeiro de 2008
N° 15466 - Paulo Sant'ana


Assassinato de trânsito

O e-mail que transcrevo agora é o mais pungente apelo em favor da campanha da RBS por um trânsito mais humano. É a dor de um pai que perdeu seu filho num assassinato do trânsito. Leiam:

"Caro SantAna. Ao ler tua coluna de 24/25 de dezembro, sobre os canalhas do trânsito, não tive como não lembrar de meu filho.

O Bruno estaria se formando em Jornalismo na PUC no dia 22 de dezembro passado e já era teu colega na RBS, mas ao invés de um diploma recebeu uma homenagem póstuma dos formandos.

No último dia 24 de março, um ensolarado sábado, às cinco horas da tarde, ele aguardava no canteiro central da João Pessoa que o sinal de pedestres abrisse para atravessar em direção à Redenção.

Quando o sinal abriu, ele subiu em sua bicicleta e começou a atravessar sobre a ciclovia - que fica exatamente ao lado de uma faixa de pedestres - e sobre essa ciclovia foi atingido por um táxi que vinha a pelo menos 74 km/h, conforme provado pela perícia. Uma outra estudante da PUC por pouco não foi atingida pelo mesmo veículo.

O que pode passar pela cabeça de um indivíduo que acha que andar a quase 80 km/h ao lado da Redenção em um sábado à tarde é normal? O que passa pela cabeça de alguém que acha que parar em um sinal vermelho para pedestre é bobagem?

A situação que tu descreveste na Protásio Alves eu já vivi algumas vezes, a de estar parado no sinal antes de uma faixa de pedestre e ver alguém passar voando na faixa ao lado.

O motorista assassino de meu filho provavelmente passou um bom Natal junto a sua família. Acho que podes imaginar o Natal que minha família passou.

Entendo que a explicação para isto é simples: é a certeza da impunidade. Nossa sociedade simplesmente não pune os faltosos. Somos especialistas em descobrir jeitinhos, brechas e acordos para escaparmos de punição. Em outros países, esse motorista estaria na cadeia, já julgado e condenado.

Enquanto isso, azar de quem acredita em faixa de pedestre e sinal vermelho. Meu filho não teve a sorte de te ter por perto naquele sábado à tarde. Sorte que teve a senhora da tua coluna. Obrigado pela tua atenção. Um grande abraço, (ass.) Jorge Neumann (jorge.neumann@uol.com.br)".

Vejam vocês como a gente se engana. Nós pensamos que nada de bom pode vir da classe política, que os políticos só existem para se locupletar.

E, no entanto, existem centenas de políticos que honram seus mandatos e servem à causa popular com desprendimento, desvelo e objetividade.

Está provado isso no e-mail que lerão a seguir:

"Caro Paulo SantAna. Pela segunda vez contato contigo através do correio eletrônico, e pela mesma razão ou causa.

Nesta oportunidade, gostaria de registrar um fato ocorrido aqui no nosso Alegrete que poderia servir de exemplo a muitos outros.

Muitas notícias são veiculadas na imprensa sobre política e políticos, e, na maioria das vezes, os fatos têm conotação negativa, com envolvimentos em corrupção, malversação de recursos públicos, entre outras.

A Câmara de Vereadores de Alegrete, durante o ano de 2007, com medidas administrativas incluindo contenção de gastos e otimização na aplicação dos recursos de seu orçamento, conseguiu economizar valores significativos e, ao final do ano legislativo, esses valores andavam ao redor de R$ 180 mil (cento e oitenta mil reais).

Esse recurso, ao ser devolvido para o Executivo, terá como destino, de acordo com os dois poderes, ser aplicado na nossa santa casa, que, como os demais hospitais filantrópicos, está sempre carente de verbas para investimento em melhorias de suas instalações e custeio.

Teremos com esse valor a reforma das instalações do bloco cirúrgico e centro obstétrico, além da aquisição de aparelhagem necessária para esses dois serviços essenciais ao bom funcionamento de um hospital.

Fica este registro de um fã de tua coluna que, assim como muitos, lê a ZH do fim para o começo. (ass.) João Alberto Almeida Pereira, diretor-geral e diretor médico da Santa Casa de Caridade de Alegrete".

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