quinta-feira, 6 de agosto de 2020



06 DE AGOSTO DE 2020
UNIDADE EM CRUZ ALTA

Curso quer reunir 360 militares e MPF questiona

O Ministério Público Federal (MPF) pediu esclarecimentos à Escola de Aperfeiçoamento de Sargento das Armas (Easa), em Cruz Alta, no noroeste do Estado, sobre a previsão de início de curso presencial no próximo mês. O calendário da Easa prevê o começo da segunda fase do Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos das Armas para 8 de setembro.

A unidade militar estima receber cerca de 360 militares de diversas regiões do país para a formação - em torno de 57 são do Rio Grande do Sul. Segundo a Easa, esse número pode diminuir no início do curso. A previsão é de que essa etapa dure 10 semanas.

Na solicitação preliminar de informação, a Procuradoria da República no Estado deu cinco dias para a Easa explicar a realização do curso e se a atividade não viola o decreto estadual 55.241, que manteve a suspensão de atividades educacionais presenciais durante a pandemia. A procuradoria também questionou a urgência da realização do curso no momento em que a covid-19 avança e a maioria das atividades educacionais está suspensa.

Após essas informações serem reunidas, o procedimento pode se transformar em inquérito civil ou resultar na propositura de uma ação se "os fatos e autores fiquem bem definidos durante seu trâmite". Caso contrário, a peça é arquivada, segundo o MPF.

Ao justificar a importância da realização dessa etapa presencial do curso, o comandante da Easa, coronel Richard Alves Fioravante, afirma que o cancelamento teria impacto no fluxo de carreira dos militares. A não realização também privaria organizações militares de receber profissionais com maior qualificação, causando prejuízo imediato no combate à pandemia, pois os militares aperfeiçoados são preparados para operações em que o Exército é empregado, como a que combate a crise sanitária da covid-19, segundo o coronel.

Testes

Fioravante diz que os militares que virão para a fase presencial do curso passarão por testagem em massa para "possibilitar a identificação precoce de casos positivos assintomáticos". Segundo o coronel, desde o começo da pandemia, postos de triagem e higienização operam para avaliar todas as pessoas que entram na escola e o uso de máscaras de proteção é obrigatório em todas as atividades dentro e fora da unidade. Entre as medidas de segurança específicas que serão tomadas, Fioravante destaca protocolo de isolamento para casos suspeitos e para possíveis confirmados durante o curso.

A Easa também estabeleceu distanciamento em atividades dos militares em sala de aula, nas refeições e alojamentos. O local conta com equipe de saúde disponível 24 horas para o atendimento aos alunos e demais militares da escola, segundo o comandante.

Originalmente, a formação, que ocorre todos os anos, tem duração de 41 semanas, sendo 30 por meio de ensino a distância e 11 no modo presencial. A pandemia acabou provocando ajustes no calendário do curso neste ano, como a diminuição de uma semana na duração da fase presencial e o adiamento do início dessa etapa em uma das turmas, no meio do ano. Até o momento, a Easa registrou apenas um caso de covid-19. O infectado é um soldado, que está recuperado da doença.

A prefeitura de Cruz Alta informou que encaminhou ofício à Easa, com questionamentos sobre a realização do curso. Em resposta, a unidade militar elencou as medidas de seguranças que serão adotadas durante a formação, segundo o Executivo municipal. Agora, a prefeitura analisa as respostas e segue conversando com a escola para alinhar medidas de segurança.

ANDERSON AIRES, HUMBERTO TREZZI

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