quinta-feira, 30 de outubro de 2008



30 de outubro de 2008 | N° 15774
LETICIA WIERZCHOWSKI


Verdades sem autoria

Não costumo ler textos que circulam pela internet, mas um deles me pegou. Falava sobre os sustos e maravilhas que nos acompanham a partir do momento em que geramos uma vida.

Não sei quem é a autora, mas ela é mãe. Toda mãe já deixou de fazer uma viagem porque o filho amanheceu doente, já quis fugir de uma reunião porque a saudade do seu bebê tornou-se insuportável.

Enfim, toda mãe já descobriu a sensação de não ser mais dona de si mesma, como se o coração da gente batesse em outro corpo. Lá pelas tantas, o texto falava “a decisão de um menino de cinco anos de ir ao banheiro masculino ao invés do feminino se tornará um enorme dilema”.

Quem acompanha as notícias sabe que um molestador de crianças pode estar em qualquer lugar, e que devemos estar atentos aos nossos filhos, não importa onde, e nem a classe social das pessoas que estão ao nosso redor.

Eu pratico natação diariamente, e trouxe meu filho para o esporte, de modo que vamos juntos ao clube duas vezes por semana. E, duas vezes por semana, administro o mesmo problema.

No vestiário feminino, existe um aviso de que “meninos com cinco anos ou mais devem usar o vestiário masculino ou o banheiro familiar”. Acontece que o clube tem apenas um banheiro familiar e individual para mães, e por não ser de passagem – as crianças tomam banho após a natação – o rolo está armado, e a fila também (pensem nos dias frios...).

Crianças com cinco anos não têm autonomia para se banharem sozinhas. Elas não sabem se lavar, escorregam no sabonete, se vestem mal e esquecem coisas.

Principalmente, como bem citou o texto da internet, não concebo que uma mãe fique tranqüila em deixar seu menininho banhar-se entre homens adultos desconhecidos.

Assim, o que fazer? Nesses anos de convívio em vestiários, vi muitas senhoras incomodadas com a presença de meninos “grandes demais”. Qualquer pai sabe que uma criança de seis, sete anos, não tem maldade.

E, se os meninos são mal vistos entre as mulheres, o que dizer de um pai com a sua menininha entre os marmanjos do vestiário masculino? Questões, enfim. Questões que podem parecer tolas para alguns, mas que são fundamentais para aqueles que acompanham as atividades dos filhos.

O clube que eu freqüento, infelizmente, coloca crianças e adultos em situação de conflito por causa de um simples banho quente. Num lugar onde a direção não se responsabiliza nem pelos “objetos de valor deixados na rouparia”, o que dizer dos nossos filhos?

O meu é que não vai se expor às fatalidades. Pelo menos, não às óbvias.

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