segunda-feira, 20 de outubro de 2008



20 de outubro de 2008
N° 15764 - KLEDIR RAMIL


A rede

A internet é um bicho descontrolado. Fiquei sabendo que tudo que envio por e-mail pode estar rodando o mundo. A matéria que li sobre a rede diz que há superprovedores, que redirecionam de forma aleatória o tráfego intenso da infovia.

Incluindo aí as minhas mensagens, uma foto com a família, uma nova canção em MP3. Meus segredos mais íntimos podem estar, neste momento, passando por alguma máquina na Tailândia.

É assim. Uma mensagem enviada para o computador que está na mesa a seu lado, sai através do cabo de conexão e pode ser involuntariamente sugada pelo fluxo de uma fibra ótica que segue através do Oceano Atlântico.

E corre o mundo junto com zilhões de outras informações, como se fossem espermatozóides cibernéticos atrás de seu objetivo final. Essa corrente de velocidade estonteante que parece caótica funciona. Só não me pergunte como.

O que consegui entender com meu QI de 2 dígitos é que os tais superprovedores fazem a função de centrais de distribuição, mais ou menos como uma rodoviária. O problema é que se o ônibus que você quer está lotado, te colocam em outro qualquer e lá no próximo terminal você se vira.

Tenta de novo um transporte pro lugar desejado. Como tudo isso acontece à velocidade da luz, em poucos segundos sua mensagem estará no computador a seu lado. Num passe de mágica. E você nem desconfia que ela pode ter andado pela Tailândia.

A questão é saber quem se responsabiliza por minhas intimidades. O mundo está ficando perigoso. Um estranho qualquer pode estar vasculhando minhas gavetas.

Posso estar sendo filmado, gravado ou grampeado o tempo todo, sem saber. Por isso acho simpático quando pelo menos informam: “sorria, você está sendo filmado”. Me sinto observado, como um BBB.

Onde estamos metidos? É tudo nebuloso, principalmente essa internet, um negócio estranho que ninguém sabe explicar onde fica. Não tem domicílio fixo, razão social, CNPJ. Muito suspeito.

Essa rede que se espalha sem controle, me lembrou um outro bicho (ou seria um vegetal?). Dizem que o maior organismo vivo no planeta Terra é uma aberração que vive embaixo da terra, uma espécie de fungo, que cresce descontroladamente sob uma floresta no Oregon, EUA.

O nome da coisa é Armillaria Ostoyae. Há 2.400 anos vem estendendo seus filamentos subterrâneos, matando árvores para se desenvolver e já está do tamanho de 1.220 campos de futebol. Um perigo.

Não sei direito o que é esse bicho, mas não tenho dúvida: daqui a pouco vai estar debaixo da minha cama.

Nenhum comentário: