sexta-feira, 31 de outubro de 2008


Jaime Cimenti

Livro, Feira, leitores & Cia.

Eternos como o horizonte, os livros, os leitores, os editores, os livreiros, os distribuidores, os jornalistas, os pipoqueiros, os namorados, os desgarrados, os ocupados, os pombos, os desocupados, os mudos e os bocas-frouxas, os loucos e os menos loucos, e muitos e muita coisa mais estarão na Praça da Alfândega, cobertos pelo infinito céu, pelas milenares águas da chuva e, claro, envoltos nos ares democráticos do espaço público.

Tão certa e pontual quanto a primavera, a Feira do Livro chega para lembrar e avisar que a vida é boa, que continua, que passa rápido e que temos de aproveitar. Como falou Arnaldo Campos, a Feira, antes, cabia num olhar.

Em tempos de milhões de sons, imagens e palavras, hiperatividade, tagarelice desenfreada e clima maníaco-deprê pós-moderno, precisamos, agora, de milhões de olhos, ouvidos, narizes, dedos, línguas e percepções extrasensoriais para aproveitar tudo, todo o tempo, em todo lugar.

Como de costume, seremos, ao menos por uns dias, simpáticos polvos cheios de braços, abraços e livros. Vamos curtir as performances dos poetas que se acham mais importantes do que a poesia, vamos ouvir as matracas dos prosadores-24 horas, vamos fazer mil cursos, assistir a milhões de palestras e conversar centenas de assuntos com milhares de pessoas. Vai ser aquela overdose, mas da boa, de um monte de coisas.

Vamos acolher o choro inicial dos primeiros dias e o sorriso final dos livreiros, depois das vendas dos últimos dias. Depois a Praça voltará a ser de seus usuários de todo o ano.

Será mais silenciosa, mais calma e mais sem-graça. Silenciosa e calma, aliás, como deve ser a leitura de livros que trazem palavras, silêncios, poemas, cheiros, memórias, lugares, pausas, personagens e histórias inesquecíveis.

Desses livros que nos transportam para os infinitos espaços de liberdade, imaginação e fantasia e que nos levam a mundos e seres que vamos percorrer e encarnar sem precisar sair da cama, da poltrona, do pelego ou da rede.

Livros que não precisam falar alto, gritar e muito menos utilizar marketing agressivo ou mentiroso para dizer que o que mais importa são os livros verdadeiros, a imaginação vertiginosa, os leitores seduzidos e o tempo e a vida livres de cronômetros. (Jaime Cimenti)

Ótima sexta-feira e um excelene fm de semana para todos nós.

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