sábado, 25 de outubro de 2008



26 de outubro de 2008
N° 15770 - PAULO SANT’ANA


A hora e vez do eleitor

Hoje é o dia das pessoas se sentirem importantes: é talvez o único dia em que os cidadãos decidem algo importante, vão escolher os seus governantes e, para isso, não dependem nem dos favores nem dos préstimos de outros governantes ou de quaisquer agentes públicos a quem devam reverência.

Não serão vigiados no ato de escolha, portanto não foram pressionados a votar em alguém. E nem precisarão dar satisfações a ninguém pelo seu sufrágio.

A isso se chama de voto livre.

E no Brasil é livre mesmo. Você vota em quem bem entende. Este é um momento em que o eleitor, embora muitas vezes inconsciente, no entanto intui quem no seu entender é o melhor candidato. E crava o nome dele ou dela na urna.

A eleição é também um ato de esperança. Vota-se na expectativa de que nossa escolha vá melhorar a vida da cidade.

E a eleição se constitui também num ato de responsabilidade: se der certo ou se der errado o voto que se depositou na urna, o fato é que chamamos para nós, quando votamos, a participação nos desígnios do que nos acontecerá nos próximos quatro anos.

Não ficamos ausentes da decisão sobre os nossos destinos: o instante da eleição é aquele em que manifestamos aquilo em que nós cremos. Mas também pode ser o momento em que manifestamos a nossa desaprovação.

Ouço muito de eleitores a seguinte frase: “Eles vão ver, na eleição eles nos pagam”.

Então, a eleição se constitui também num ajuste de contas.

Não existissem as eleições e os políticos é que não teriam que dar satisfações ao povo dos seus atos.

A eleição, portanto, é uma forma de o povo cobrar ação e exação dos políticos. Se estes últimos não se portarem bem, sabem que, de dois em dois anos, de quatro em quatro anos, terão seus procedimentos julgados na urna.

E os julgadores serão exatamente aqueles que foram alvos das ações governamentais e dos atos políticos dos que se submetem à votação.

Em todas as eleições, vejo nas seções eleitorais gestos comoventes. Pessoas idosas, com mais de 80 ou 90 anos, sem terem a obrigação de votar, que é exigida aos mais jovens, lá chegam com sacrifício para exercitar com prazer e vontade o seu voto.

Nas eleições, vejo pessoas cegas, aleijadas, inválidas, alguns em cadeira de rodas, outras sendo carregadas nos braços por não poderem se locomover, irem lá corajosamente depositar o seu sufrágio, sem qualquer punição se não o fossem.

Que bela lição de civismo, que impressionante exemplo espírito público!

E, ainda, as eleições entre nós são mais saudáveis e animadoras porque somos convictos de que elas não são fraudadas.

Uma Justiça eleitoral austera, com a ajuda magnífica dos cidadãos que são convocados a colher e apurar os votos, garante de que não será malbaratada a vontade popular.

Em quantas e quantas nações deste planeta são fraudadas as eleições e os votantes são encaminhados pelas urnas pelo tacão dos ditadores de plantão.

As nossas eleições, graças a Deus, são livres.

E nós podemos dizer intimamente para nós mesmos: “Hoje eles nos pagam”.

Ou então dizer melhor ainda: “Hoje vou finalmente lá votar em quem melhor fez para ganhar o meu voto”.

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