segunda-feira, 6 de outubro de 2008



06 de outubro de 2008
N° 15750 - PAULO SANT’ANA


Deu a tendência

Deu-se aquilo que metaforicamente escrevi ontem: a predominância do valor “tendência” sobre os outros todos impulsos de uma eleição, num final de qualquer competição, é um fato que chega à beira do irreversível.

Manuela D’Ávila, nos dias finais, decresceu tanto, que até mesmo quando Maria do Rosário não crescia, ela, Manuela, não reagia.

Será que houve o efeito fadiga naquele entusiasmo do início da eleição, quando Manuela aparecia como o fenômeno mais notável da campanha?

O que se notava era uma vantagem enorme na imagem de Manuela, tão jovem, tão bonita, tão simpática.

E de repente, a juventude de Manuela, que amealhava votos sobre votos, serviu a uma outra reflexão: “Mas será que ela não é jovem demais para ser prefeita”.

Ou seja, a juventude de Manuela causou inicialmente um frêmito favorável no eleitorado, substituído logo em seguida por um susto.

O que era o seu maior trunfo tornou-se na maior desvantagem.

Manuela acabou assim derrotada pelo seu próprio atributo principal.

E se a experiência de Fogaça garantia-lhe posição sólida entre o eleitorado, como a inexperiência de Manuela não iria influir no mesmo ânimo, digamos assim, conservador ou tradicionalista?

O eleitorado visivelmente optou pela experiência. De Fogaça inicialmente. E em segunda instância de Maria do Rosário, em face de que seu PT já governara Porto Alegre durante 16 anos.

Num raciocínio apressado, mas inevitável diante da voltagem numeral que emergiu das urnas ontem, a tarefa de Maria do Rosário para tentar superar Fogaça dia 26 próximo será hercúlea, ciclópica, mastodôntica.

Ou seja, se todos os votos dados ontem a Manuela (15%) se transferirem para Maria do Rosário no segundo turno, ainda assim Fogaça ganha a reeleição.

Mais ainda, se se juntarem os votos de Manuela (15%) e de Luciana Genro (9%), migrando todos para Maria do Rosário (22%) no segundo turno, ainda assim não superarão os votos de Fogaça contabilizados ontem, na hipótese de que os 4% de Onyx se bandeiem para Fogaça.

Mas se sabe que Fogaça no segundo turno captará também votos dados ontem a Manuela e a Luciana.

Parece, então, que Fogaça se cristaliza como favorito para vencer no segundo turno.

Mas faltam três semanas para a eleição, muitas vezes fatores imponderáveis e imprevisíveis conseguem mudar uma tendência matemática dominante.

Os grandes vencedores de ontem foram Fogaça e Maria do Rosário. O prefeito, porque chegou acima das expectativas até das pesquisas. Rosário, porque conseguiu vencer Manuela, o que era há 20 dias considerado quase impossível.

Mudando um pouquinho para o futebol. Só cego não viu que Morales matou a bola no peito e passou para o menino Douglas Costa marcar o primeiro gol do Grêmio sábado. E só um mesmo cego não viu que Morales arrastou quase toda a defesa do Botafogo para a marcação, deixando Réver sozinho para o gol da vitória.

Ou seja, Celso Roth viu isso tudo. E foi a mudança substanciosa que Celso Roth fez no time que levou o Grêmio à vitória.

Mas, incrivelmente, sábado e domingo um isento pregou com insistência que Morales foi igual a Marcel. Ou seja, o isento quer que continue Marcel de titular. Não vai levar, não é Roth?

Todo isento é colorado. Gremista é que não é.

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