Mercado vê "paulada" na inflação e põe pressão no BC
Não é toda semana que isto ocorre: no relatório Focus apresentado ontem pelo Banco Central (BC), a projeção mais frequente para o IPCA neste ano saltou de 4,39% para 4,5% - o exato limite do teto da meta de inflação.
O dado cravado projeta certo risco de que Gabriel Galípolo, recentemente aprovado pelo Senado para o cargo, estreie na presidência do Banco Central com uma carta de explicações.
O desempenho do BC neste ano ainda é responsabilidade do atual presidente, Roberto Campos Neto, mas ele deixa o cargo no dia 31 de dezembro. O resultado oficial do IPCA de 2024 só deve ser informado pelo IBGE depois da primeira semana de janeiro, então a justificativa ficará para o sucessor.
Caso a inflação de 2024 fique em 4,51%, já será preciso escrever essa carta aberta dirigida ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando os motivos de não ter atingido a meta e informando as medidas que serão adotadas para persegui-la.
Também chama atenção a rapidez com que a mediana (mais frequente, em consequência a maioria) das projeções deu esse salto. Não é raro que a variação entre uma semana e outra seja centesimal, de 4,38% para 4,39%.
Dados reforçam cenário de juro mais alto
Agora, porém, a mudança foi decimal, pouco usual. Conforme analistas, o Focus desta semana "assusta", exatamente pelo ritmo e pela dimensão da alta em apenas oito dias - o relatório é apresentado a cada segunda-feira.
- Os dados sugerem que o Copom não terá outra opção que não ser duro na condução da política monetária, especialmente porque iremos ter a decisão da taxa praticamente no mesmo dia da eleição nos Estados Unidos, e a perspectiva que Donald Trump possa ganhar, em tese, pode fortalecer ainda mais o dólar - avalia o economista André Perfeito.
Se ainda havia dúvida que vêm aí duas altas de 0,5 ponto percentual, o Focus se encarregou de confirmar esse cenário como básico. Isso significa que a expectativa é mesmo fechar o ano com taxa básica de pelos menos 11,75% - ou mais. _
Salgado Filho volta com 62% dos voos pré-cheia
Como se sabe, a retomada das operações no Salgado Filho, a partir de ontem, é parcial. Então, melhor assim do que a escassez do período em que a Base Aérea de Canoas operou quase como aeroporto comercial, mas é bom lembrar que ainda não se trata de retomada da normalidade.
Até dezembro, haverá menos frequências do que até antes do dilúvio de maio, e os voos internacionais só retornam em janeiro, com as ligações da Latam para Lima, no Peru, e Santiago do Chile. Os 860 voos semanais que saíam e chegavam do Salgado Filho encolheram para 110 na Base Aérea. Nas primeiras semanas de retomada, serão 534, pouco mais da metade (62%) do que havia antes da cheia. _
Voos semanais
Companhia Aérea Antes canoas volta
Azul 560 60 400
Gol 135 22 64
Latam 165 18 70
Suíça MSC será nova dona de porto e terminal no Estado
Embora na quinta-feira um fato relevante da Wilson Sons relatasse negociações com uma empresa, o martelo foi batido para outra. Ontem, novo comunicado informou que as operações da companhia no Brasil foram vendidas por R$ 4,35 bilhões para a operadora de cruzeiros suíça Mediterranean Shipping Company (MSC).
No RS, a Wilson Sons opera o Terminal de Contêineres do porto de Rio Grande e o Terminal Santa Clara, no polo petroquímico de Triunfo e região.
A expectativa é de que o negócio seja concluído no segundo semestre de 2025. A MCS foi fundada em 1970 e tem sede em Genebra. Nasceu com um só navio e hoje tem 850 embarcações e 200 mil funcionários.
O Tecon foi o primeiro terminal de contêineres privatizado no Brasil, por licitação, em 1997.
- A troca de mãos de qualquer empresa sempre gera expectativas, pois toda empresa têm sua cultura. Mas a perspectiva é que serviços sejam mantidos e melhorados. Por certo, a MSC fez esta aquisição depois de muitos estudos e de forma estratégica - afirma Paulo Menzel, presidente da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura.
Ele espera avanço na redução dos "estratosféricos custos logísticos" que tiram competitividade e produtividade do RS.
A MSC, por meio da sua subsidiária para terminais TiL, já controla no Brasil o Portonave, terminal de uso privado (TUP, fora da área de porto) em Navegantes (SC), e é sócia do Brasil Terminal Portuário (BTP) em Santos (SP). Disputou a Santos Brasil, mas perdeu para a francesa CMA CGM no mês passado. _
RS tem maior fatia de executivos no presencial
O Rio Grande do Sul tem o maior percentual de executivos que atuam de forma presencial no país. Entre os cerca de 3 mil profissionais analisados no Estado pela pesquisa Work Models and Leadership Demand 2025, da Evermonte Executive Search, 59,8% trabalham presencialmente, 32,5%, no formato híbrido e, 7,7%, no remoto.
Segundo o sócio da Evermonte, Felipe Ribeiro, o que ajuda a explicar a liderança gaúcha é a forte presença de indústrias de produção e manufatura no Estado, que dependem de acompanhamento mais próximo.
- Muitas empresas gaúchas, especialmente no Interior, têm cultura familiar, privilegiando a presença física.
O estudo analisou o modelo de trabalho de cerca de 18,4 mil executivos em todo o país. _
Onde executivos estão no escritório
Estado %
Rio Grande do Sul 59,8
Santa Catarina 57,9
Minas Gerais 57,4
Paraná 57,2
Rio de Janeiro 41,6
São Paulo 40,8
11 mi de brasileiros têm um consórcio ativo. Conforme a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac), é o maior volume da história de 62 anos da modalidade. Nos primeiros nove meses do ano, os negócios no segmento somaram R$ 282,98 bilhões, 20,5% acima do mesmo período de 2024.
medalha
Inspirada pela Medalha do Mérito Farroupilha, mas concedida pelo comércio gaúcho, a Ordem do Mérito Comercial do RS, criada pela Fecomércio-RS, vai estrear em 12 de novembro. Será concedida a cada dois anos a pessoas e instituições que tenham contribuído com o comércio de bens, serviços e turismo gaúchos. A primeira edição da premiação vai homenagear o presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e empresário amazonense, José Roberto Tadros.
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