terça-feira, 29 de outubro de 2024



29 de Outubro de 2024
INFORME ESPECIAL - Rodrigo Lopes

Kamala ou Trump, quem é melhor para o Brasil?

Até algum tempo atrás, quem acompanha a política americana não teria dúvida ao responder à pergunta do título. Os democratas costumam ser mais protecionistas do que os republicanos. Logo, um presidente do partido de Thomas Jefferson, Abraham Lincoln e Theodore Roosevelt seria melhor para os interesses brasileiros. Os democratas, por outro lado, têm histórico maior de aumento de subsídios, por serem muito mais ligados aos setores que fazem lobby para o agronegócio americano.

Só que Donald Trump subverte essa lógica. O ex-presidente, embora republicano, é imprevisível, e aposta em uma agenda comercial extremamente protecionista, o que, nesse aspecto, seria prejudicial ao Brasil.

Imaginando-se que um eventual governo Kamala Harris representará a continuidade da gestão Joe Biden, podemos apostar na manutenção do alinhamento com o Planalto. Lula e Biden (ou Kamala) têm afinidades em áreas como o ambiente. O isolamento dos EUA em uma nova gestão Trump e o recuo na agenda das mudanças climáticas seria péssimo para o mundo, mas abriria oportunidade para protagonismo brasileiro no tema.

As relações internacionais são permeadas de nuances. Se, por um lado, a vitória trumpista aumentaria a pressão sobre o governo brasileiro a se afastar politicamente da China, parceira no Brics, a rivalidade sino-americana também é positiva para o Brasil porque abre mercados para o agro nacional.

No momento em que Washington intensificou a disputa com Pequim, reduzindo o comércio de soja, milho e algodão entre os dois países, por exemplo, escancarou mercado para os grandes produtores brasileiros.

Como o Brasil não está isolado do mundo - e muito menos da América Latina, zona de influência americana -, um eventual acordo de livre comércio entre os EUA sob Trump e a Argentina de Javier Milei implodiria o que resta do Mercosul.

A vitória do republicano, a quem Jair Bolsonaro emulou no passado, reforçaria, entre aliados do brasileiro, o discurso de retorno do ex-presidente ao poder, apesar de sua inelegibilidade. De tudo, o mais importante: as relações bilaterais entre EUA e China estão consolidadas e independem da chamada diplomacia presidencial. _

O que as urnas de 2024 dizem a 2026

Um dos grandes recados das eleições de domingo no país é que nenhum extremo teve vantagem. A grande vencedora foi a centro-direita ou os candidatos "maleáveis".

PSD e MDB conquistaram 10 das 26 capitais brasileiras. Apesar de estarem no ministério de Lula, contam com certa elasticidade, já que não compram todas as brigas ferrenhas. O PT levou apenas uma capital (Fortaleza), e o PL ganhou em quatro: Aracaju, Cuiabá, Maceió e Rio Branco. A expectativa do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro era de que o resultado fosse melhor.

Partidos próximos das ideias de Bolsonaro perderam em Curitiba, Belo Horizonte, Goiânia, João Pessoa, Manaus e Palmas.Fortaleza foi uma das principais derrotas: Evandro Leitão (PT) foi eleito com 50,38% contra 49,62% de André Fernandes (PL). _

Outros recados

Analistas afirmam que a direita e a centro-direita são maiores que Bolsonaro e o bolsonarismo. Seu apoio não se reverteu em votos, necessariamente. A eleição mostrou que eleitores optam por políticos que circulam por diferentes segmentos do espectro político. Outro alerta que fica é para o presidente Lula: hoje, PSD e MDB compõem o governo, mas isso não representa que estarão a seu lado em 2026. 

Joe Biden já votou

Falando em eleições americanas, o presidente democrata Joe Biden registrou o voto de forma antecipada em Kamala Harris ontem em New Castle, no Estado de Delaware.

Ao conversar com jornalistas, foi questionado sobre a sensação do voto, respondendo que foi "doce".

A votação antecipada já está em curso nos EUA e cerca de 43 milhões de americanos já votaram. _

Dois chapéus e uma história

O chapéu de palha foi um item fundamental da vitoriosa campanha de Sebastião Melo, inclusive se tornou jingle e adereço de seus eleitores.

No domingo, no primeiro discurso após a reeleição, no Hotel Embaixador, o prefeito fez questão de mostrar dois dos acessórios: o chapéu mais novo, usado na campanha de 2024, e um mais velho, de quando conquistou o mandato pela primeira vez, em 2020.

Com a aba desgastada, o antigo será restaurado, segundo Melo. Os dois serão guardados como recordação. _

Ontem, completaram-se três meses do arremedo de eleição na Venezuela. Ainda sem sinais das atas de votação. Apesar disso, a oposição acredita que conseguirá reverter o resultado. María Corina Machado garantiu que continua lutando para "reivindicar a vitória".

Ação comedida

Depois de gerar grande expectativa de como reagiria à chuva de mísseis do Irã contra seu território, em 1º de outubro, Israel realizou no final de semana um ataque comedido a fim de evitar a escalada da crise. Os danos a bases e radares iranianos foram limitados.

Se quisesse realmente imprimir perdas significativas ao inimigo, Israel teria destruído a joia da coroa dos aiatolás: as centrais nucleares. Mas isso certamente jogaria o Oriente Médio no abismo e a guerra tomaria proporções ainda maiores. _

Lula não irá à COP

O presidente Lula cancelou a ida ao Azerbaijão para participar da COP29. A conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) que trata sobre mudanças climáticas ocorrerá em Baku, capital do país, entre 11 e 22 de novembro.

Lula focará em outras duas agendas oficiais: a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) e a reunião do G20, também em novembro. Em Baku, será substituído pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. _

INFORME ESPECIAL

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