sexta-feira, 18 de outubro de 2024



18 de Outubro de 2024
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Números que explicam "pacote de maldades"

Apresentado ontem, o relatório mensal da Instituição Fiscal Independente (IFI) ajuda a explicar tanto a recente polêmica em torno da melhora da nota de crédito do Brasil quanto as pressões para o "pacote de maldades" que deve se seguir às eleições municipais.

Conforme a IFI, a dívida bruta do governo geral calculada pelo Banco Central do Brasil, que reflete o endividamento não só do governo federal, mas também de Estados e municípios, atingiu 78,5% do PIB em agosto. A partir daí, projeta que o ano vai fechar com relação dívida/PIB em 80%. Estima, ainda, que o indicador chegará a 84,1% em 2026. Caso se confirme, será um aumento de 12,4 pontos percentuais de 2022 a 2026, ou seja, no atual mandato presidencial.

Antes de prosseguir, é útil fazer três observações. A primeira é que há outras formas de calcular a relação dívida/PIB, usando só as pendências federais - com ou sem estatais. O importante é sempre esclarecer a metodologia.

Grau de investimento depende da dívida

A segunda é que a dívida não cresce só com aumento do gasto, mas com inflação e taxa de juro. A terceira é que uma das economistas da IFI, Vilma Pinto, está deixando a instituição para ir trabalhar na Vice-presidência da República, ou seja, não se trata de análise "da oposição".

Conforme a IFI, o nível de endividamento brasileiro esta´ na me´dia dos países (ricos) da Zona do Euro, inferior aos do G7 (as maiores economias do planeta), mas bem acima dos emergentes e da Ame´rica Latina, como a coluna havia registrado.

Essa é a questão crucial, que todo brasileiro conhece bem: quanto mais endividado o indivíduo, maior o risco de calote e mais caro será o crédito. O mesmo vale para as nações.

Para retomar o ambicionado grau de investimento das agências de classificação de risco, o Brasil precisa estabilizar sua dívida. É com objetivo de voltar ao clube dos bons pagadores que está sendo organizado o "pacote de maldades", segundo circula na Esplanada dos Ministérios. Tudo se conecta. _

Um dia após o outro: o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, descartou intervenção do governo para romper o contrato de concessão da Enel em São Paulo. "Lembrou" que seria ilegal e geraria ônus aos consumidores.

R$ 200 milhões em rua sem saída

Uma rua sem saída passará a ter duas torres residenciais da Plaenge, com valor geral de vendas de R$ 200 milhões. Claro, é um beco de charme: a Rua Jardim Cristofel, que já parecia um condomínio fechado quando isso não existia em Porto Alegre.

Para construir o Edition Moinhos, com área total de cerca de 2,9 mil m2, foi preciso unir três terrenos - um vazio, outro ocupado por um estacionamento e outro, por uma casa. Ao todo, serão 48 unidades, que variam entre 149 e 336 m2. O projeto prevê elevador panorâmico com vista para o jardim do Dmae.

- É um marco para a paisagem do bairro, para a rua Jardim Cristofel e para a atuação da Plaenge no Rio Grande do Sul - afirma o superintendente regional da Plaenge no Estado, Rodrigo Martins.

A empresa prevê entrega do empreendimento para o primeiro semestre de 2028. _

Porto no RS pode mudar de mãos

Desde 2018, circulava a informação de que a Wilson Sons estudava vender ativos no Brasil. Agora, o negócio evoluiu e pode ser fechado, o que significa mudança no controle do Tecon, o terminal de contêineres do porto de Rio Grande.

Ontem, a Wilson Sons publicou fato relevante informando ter recebido carta da I Squared Capital Advisers em que a gestora de investimentos afirma estar "avaliando lançar uma possível oferta voluntária para aquisição de controle (e até 100%) da companhia".

Conforme a nota, ainda não há definição de valor ou condições. A previsão é de que a decisão sobre o negócio ocorra em 15 dias. As ações da Wilson Sons subiram 4%.

O Tecon Rio Grande foi o primeiro terminal de contêineres privatizado no Brasil, em 1997. Entre janeiro e setembro, a movimentação subiu 29% ante igual período de 2023. A Wilson Sons também opera um terminal fluvial no Estado, o Santa Clara, que atende o polo petroquímico e a região do Vale do Taquari. _

Por que é difícil avaliar com precisão impacto de apostas

Depois do susto provocado por estudo do Banco Central (BC) que apontou gasto de R$ 3 bilhões de beneficiários do Bolsa Família com apostas online e gasto com jogos irregulares 10 vezes maior do que com loterias, entrou em campo o Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR).

A entidade encomendou outro estudo para a LCA, uma das consultorias econômicas mais respeitadas do país. Um dos pressupostos é de que o real valor gasto com apostas por beneficiários do Bolsa Família seria de R$ 210 milhões, não R$ 3 bilhões.

Mas o economista que assina o levantamento, Eric Brasil, admite: no atual estágio da atuação no Brasil, não há dados precisos para dimensionar o impacto dos jogos na economia, só é possível estimar.

O estudo do BC ficou devendo detalhamento aos brasileiros e aos que querem entender o impacto do fenômeno das bets, é fato. Mas o da LCA feito sob encomenda do IBRJ também se baseia em pressupostos, não em dados, caso de um dos indicadores mais polêmicos, o quanto ganham as casas de apostas.

Esse indicador é chamado de "gross gaming revenue" (receita bruta de jogos), ou só GGR. As empresas consolidadas representadas no IBJR têm média de 7%. O estudo do BC estima em 15%. Não se trata de má-fé de nenhuma parte: ainda não há dados confiáveis para formar convicção.

Em tese, a partir de janeiro de 2025, será possível ter dados precisos, já que a regulação das bets passará a funcionar a pleno e haverá fiscalização efetiva sobre a atividade. Mas é bom lembrar que as regras alcançam somente as chamadas "apostas de quotas fixas".

Existem outros tipos de jogos eletrônicos que seguirão atuando sem cobertura legal, apesar da retirada do ar de cerca de 2 mil sites irregulares. _

NOVA COMPRA DA RANDONCORP

Uma nova aquisição foi anunciada ontem pela Randoncorp. Sua controlada Master Freios, associada ao grupo Cummins, adquiriu o controle do Grupo EBS - European Braking Systems, sistemas de freios e reposição para veículos comerciais do Reino Unido, por 56 milhões de libras esterlinas, ou cerca de R$ 410 milhões. Com a aquisição, a Master Freios ganha participação de mercado em países europeus e asiáticos.

GPS DA ECONOMIA

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