AMBIENTE
A lista foi capitaneada pela extinta Fundação Zoobotânica (FZB) e hoje é responsabilidade da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) do RS.
Há muitas ameaçadas nas famílias de cactos, bromélias e orquídeas, segundo botânicos. Elas também são alvo de coleta e comércio ilegal. A araucária e os butiás estão igualmente sob grande ameaça, devido à exploração. Além disso, as espécies de campo estão em uma situação vulnerável. Professor do Instituto de Biologia da UFPel, João Iganci destaca, contudo, que a maioria das espécies nunca foi avaliada.
Consequências do atraso
A lista é importante para manter a biodiversidade, a elaboração de políticas públicas e a definição de uso do território, conforme especialistas. Eles reconhecem que a atualização é um processo trabalhoso e demorado, pois envolve conhecimento aprofundado. Quando demora para ocorrer, ocorrem mudanças em categorias e novas descrições ficam de fora, podendo criar vulnerabilidades.
A falta de atualização pode ter impactos na preservação, já que a lista - que pode estar defasada - é usada para licenciamentos ambientais. Outro impacto se dá no delineamento das áreas onde pode ocorrer avanço econômico e das áreas que devem ser preservadas - e desenvolvidas a partir de atividades sustentáveis, como turismo, salienta Iganci.
A sociedade depende da biodiversidade, pois esta presta serviços fundamentais, como a polinização, que depende das plantas e abelhas e impacta as safras, lembra Pedro Maria Ferreira, professor da PUCRS.
As espécies se tornam ameaçadas por fatores naturais, como a restrição de sua ocorrência e a existência de populações muito pequenas e raras; e pela atividade humana, com a redução do habitat e de populações, explica Ferreira. O desmatamento e o descampamento têm muito peso.
- A gente vai degradando cada vez mais a biodiversidade e, cada vez mais, vai haver espécies ameaçadas e extintas - lamenta o professor da PUCRS.
Em sintonia com a ONU
Professor da UFRGS e coordenador do Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais, Paulo Brack defende o uso econômico da biodiversidade, que, em sua opinião, vem sendo exportada e mal aproveitada no Brasil. O interesse econômico tem de ser um aliado para a mudança, e não um inimigo, Brack afirma:
- O imediatismo econômico é o problema: se quer ganhar muito dinheiro em curto prazo, e aí se expandem as monoculturas, que são uma das principais ameaças à nossa biodiversidade.
Brack também defende o estabelecimento de metas relacionadas aos objetivos de desenvolvimento sustentável 2030 da ONU, focando no RS - como atualizar com maior frequência as listas, ter listas municipais, aumentar as áreas protegidas, planejar a propagação das espécies e limitar atividades de alto impacto.
Ele lembra que não adianta só listar espécies - é preciso monitorá-las, avaliando ainda a possibilidade de propagá-las. O maior problema, para Ferreira, não é a falta de atualização, mas o não uso da lista para políticas públicas e para a proteção das espécies. _
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