Brics debaterá os "países parceiros"
O presidente Lula iria comparecer durante esta semana à Cúpula do Brics, contudo, após um acidente doméstico, não irá à Rússia e participará por meio de videoconferência (leia mais na pg 8).
Fundado em 2009 por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o grupo admitiu, em 2024, a entrada de Arábia Saudita, Egito, Irã, Etiópia e Emirados Árabes, tanto que essa edição será a primeira reunião após a ampliação da cúpula. E esse será o grande assunto do encontro.
Recentemente, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) informou que será discutido a criação de uma nova categoria: "países parceiros", destinada a Estados emergentes que querem entrar no grupo. Há cerca de 30 candidatos com intenção de incorporação.
Apesar de o MRE afirmar que não indicará nenhum país, Lula defendia a entrada de Colômbia e Angola e também apostava na indicação de Bolívia e Cuba. A Venezuela ganhou recentemente o apoio de China, Rússia e Irã, países que reconheceram a vitória de Nicolás Maduro - o Brasil não reconhece.
Além disso, outros assuntos que rondarão o evento são: crise no Oriente Médio; cooperação política e financeira; andamento dos trabalhos do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) - conhecido como o banco do Brics; atuação do Conselho Empresarial do grupo; a redução da dependência do dólar no comércio exterior; e fortalecimento de instituições financeiras alternativas ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Além disso, o presidente defendeu, recentemente, a criação de uma moeda única para comércio entre os países. Em 2025, o Brasil assumirá a presidência do grupo.
O grupo
O Brics, inicialmente formado pelos cinco países, tem o objetivo de cooperação para avanços no desenvolvimento socioeconômico e crescimento de suas economias, ou seja, tem papel de mecanismo internacional. Dados de 2023 do instituto de pesquisas do Reino Unido, Acron Macro Consulting, o grupo chega a representar 31,5% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial e 41% da população do planeta. _
Em tom de despedida, Mujica se diz velho e "perto de onde não se volta"
O ex-presidente uruguaio Pepe Mujica, 89 anos, discursou diante de uma multidão no sábado em evento de campanha do correligionário Yamandú Orsi. Com tom de despedida, Mujica afirmou estar velho. Em abril, revelou enfrentar um tumor no esôfago.
- É a primeira vez, nos últimos 40 anos, que não participo de uma campanha eleitoral. Faço isso porque estou lutando contra a morte. Porque estou no final da partida, absolutamente convencido e consciente. Então, sou um velho que está muito perto de onde não se volta - disse.
As eleições do Uruguai serão no próximo domingo. _
Entrevista José Gomes Temporão - Médico sanitarista e ex-ministro da Saúde (2007-2010)
"Ponto fora da curva, que não compromete o sistema de transplantes"
A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu ontem mais uma suspeita de envolvimento na emissão de laudos falsos que resultaram na contaminação por HIV de pacientes transplantados. A coluna conversou com o ex-ministro da Saúde e médico sanitarista, José Gomes Temporão, sobre o assunto e o que pode ter ocorrido:
Já ocorreu caso similar a esse do RJ?
Não, é um caso inédito, único, completamente fora do esperado. O Sistema Nacional de Transplante Brasileiro é conhecido no mundo inteiro, nós somos, depois dos Estados Unidos, o país que mais faz transplante de órgãos. Esse ano nós vamos ultrapassar, possivelmente, 30 mil transplantes, mas, ao mesmo tempo, nós temos 40 mil brasileiros aguardando na fila de espera por um órgão. Então, nós temos aí duas dimensões: eu diria que uma dimensão é o choque, a sociedade ficou chocada, como é que um programa tão respeitado, uma política de tanto sucesso, de repente, vai parar nas páginas policiais e aí se pergunta se foi problema de polícia ou foi problema de fragilidade de controles. Pelas informações que nós temos até agora, tudo aponta para o caso de negligência. Negligência com o uso inadequado de reagentes, negligência com protocolos, falta de formação adequada para quem realizou os exames. Tudo leva a crer que nós temos uma situação que é um ponto fora da curva e que não compromete, de jeito nenhum, a segurança do Sistema Nacional de Transplantes. É uma situação dramática para os pacientes, mas eu diria que é absolutamente isolada e que exige das autoridades a mais rigorosa apuração e punição dos envolvidos.
O senhor falou que houve negligência. Por parte de quem?
As informações que nós temos, que ainda são veiculadas pela imprensa, porque tanto a Polícia Federal, como a Polícia do Estado, como o Departamento de Auditoria do Ministério da Saúde, o DNASUS, ainda estão fazendo as suas avaliações. Não temos ainda nenhuma conclusão oficial. Ao que parece, um laboratório se apresentou como capaz de realizar um conjunto de exames, entre eles esse exame de detecção em órgãos a serem transplantados, e não cumpriu. Não cumpriu por falta de capacidade técnica, não cumpriu por desorganização, por omissão, por desvio. Enfim, as respostas a essas perguntas terão de ser dadas pela investigação. Então, é por isso que tudo aponta para uma situação de negligência. O laboratório deveria ter uma conduta, um desempenho que não aconteceu na prática e colocou em risco a vida de várias pessoas. Ainda se está levantando, se existem outras situações semelhantes ou se isso está limitado apenas a esses seis pacientes.
Esse caso pode gerar preocupação e medo na população?
Temos de ter transparência, isso deve ser apurado com muito rigor. Os envolvidos têm de ser punidos rigorosamente, mas ao mesmo tempo nós temos de passar para a sociedade, e principalmente para as famílias brasileiras, que não há nenhum tipo de risco de lisura ou de integridade que afete o Sistema. Então, isso é muito importante: é seguro autorizar a doação. O Brasil faz transplante de órgãos há décadas, nunca aconteceu um episódio como esse, é a primeira vez. Então, é muito importante passar essa mensagem, porque os 40 mil brasileiros que estão na fila aguardando um órgão dependem da conscientização da população brasileira sobre a importância da doação. _
Há expectativa de uma viagem do papa Francisco à Argentina em março de 2025, porém o Pontífice teria colocado uma condição: que Javier Milei "baixasse o tom" em seus discursos e declarações.
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