EM DEFESA DA CIDADE
A velha canção Porto Alegre É Demais retrata aspectos tão positivos da cidade que seu autor, José Fogaça, foi eleito prefeito municipal anos atrás. O passar do tempo, porém, mostra declínios nunca previstos na Capital.
O mais saliente talvez seja a transformação do Parcão - o Parque Moinhos de Vento - para extinguir sua finalidade original de área verde de lazer, esporte e contato com a natureza, criando consciência ecológica nas crianças. Para reforçar essa situação, fundou-se a associação do parque, que ajuda na conservação e na manutenção, reconhecida como "de utilidade pública" pela Câmara Municipal. Em 1979 (com livros doados por empresas), ali se criou a Biblioteca Infantil Maria Dinorah, que funcionou durante anos e abriu caminhos na vida a crianças e adolescentes.
Conheci o terreno atual do Parcão quando ali se localizavam o hipódromo e o campo do Grêmio. Agora, querem explorar comercialmente a área, estabelecendo cafés e restaurantes permanentes (que abundam no bairro), com o que, aos poucos, será um "mercado persa" de bugigangas. Anos atrás, decidiu-se não autorizar ali nenhum ponto de comércio, a não ser em datas como o Natal. Agora, na atual gestão municipal, criou-se a Secretaria de Negócios, que busca abrir o parque ao comércio.
Os moradores da área, num abaixo-assinado, conclamaram a prefeitura a desistir de transformar o Parcão em área comercial. O médico Jaime Wageck, atual "prefeito" do Parcão, lembra, porém, que a reivindicação essencial é reabrir a biblioteca infantil.
No Centro Histórico, outro é o problema. Projeta-se construir um prédio em forma de L, com 41 andares e 115m de altura, na Rua Duque de Caxias, ao lado do Museu Júlio de Castilhos, que fará sombra à Catedral e ao Palácio Piratini.
O projeto foi aprovado pela prefeitura em janeiro de 2021 e as alterações foram feitas pela empresa construtora em 2023. O alerta lançado pela imprensa sobre os futuros problemas insolúveis de trânsito a serem criados, porém, fez os construtores adiarem o início da obra.
Mas burocraticamente, no Parcão e na Rua Duque, a ameaça continua.
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