09 DE ABRIL DE 2024
+ ECONOMIA
O que está em jogo no Musk X Moraes
Se não estivesse ocorrendo na frente do nosso nariz, seria uma obra de ficção daquelas pouco fiéis à realidade. No entanto, são fatos. É preciso entender seu contexto e desdobramentos. O dono da rede social X (ex-Twitter), Elon Musk, apontou "censura" no Brasil e ignorou restrições do Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro do STF Alexandre de Moraes incluiu o bilionário na investigação das milícias digitais por "dolosa (ou seja, intencional) instrumentalização" do X e abriu inquérito sobre Musk por obstrução de Justiça, organização criminosa e incitação ao crime.
É o quarto mais rico do planeta, segundo o Bloomberg Billionaires Index. Antes de comprar o Twitter e transformá-lo em X, Elon Musk temperou sua biografia de visionário realizador com excentricidades sem aparente intenção política, como venda de lança-chamas.
Mas antes de deduzir que se trata de um piloto do que pode se transformar a relação de poder da direita alternativa com a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, é bom lembrar que, há cerca de um mês, Musk afirmou que não doaria dinheiro para nenhum dos candidatos à presidência dos Estados Unidos: nem Donald Trump nem Joe Biden.
Em sua biografia lançada no ano passado, o bilionário disse ao autor que não é fã de Trump, a quem considera "perturbador" .
Mesmo que mantenha essa posição (de Musk, sempre se pode esperar tudo), o bilionário abraçou teses de um dos polos da disputa política no Brasil. E por mais que tenha transformado carros elétricos em objetos de desejo, redesenhado a corrida espacial e tenha a quarta maior fortuna do planeta, não é dono do mundo nem senhor das leis universais. Ainda não, ao menos. Não pode se insurgir publicamente contra leis nacionais sem consequência.
O ataque ocorre no momento em que o Brasil se prepara para regular esse negócio que não é movido a liberdade de expressão, mas por algoritmos. Que, em nome da audiência, prioriza postagens com supercarga de ressentimento e ódio, que engajam mais que vídeos de gatinhos. Também no momento em que a opinião pública americana começa a sofrer tamanha inflexão sobre as big techs que fez o Congresso abrigar uma sessão cheia de reprimendas de parlamentares republicanos - do partido de Trump -, não de democratas. Não é simples, não é linear. Mas é preciso prestar muita atenção.
foi a alta das ações preferenciais da Petrobras ontem na bolsa. A subida se concentrou à tarde, na medida em que a tese de manutenção do atual presidente, Jean Paul Prates, ganhava força. No mercado, Aloizio Mercadante é visto com reserva por ser, em tese, "desenvolvimentista".
Com a abertura do mercado livre de energia, o Grupo Ludfor, de Bento Gonçalves, investiu R$ 10 milhões em seu novo braço do negócio, a Simplifica Energia, com foco em pequenas empresas.
No primeiro ano, a expectativa é de receber 300 clientes conectados em alta e média tensão, sobretudo pequenas indústrias, condomínios, hotéis, colégios, clínicas e hospitais. O Grupo Ludfor atua no mercado de energia há 28 anos e atende a cerca de 4 mil clientes. Tem filiais em Porto Alegre, Florianópolis, São Paulo, Maceió, Goiânia e Salvador.
Para lembrar: no mercado livre, é possível escolher o gerador, mas o distribuidor não muda. No Rio Grande do Sul, pode ser RGE, CEEE Equatorial ou uma das várias pequenas distribuidoras (a maioria cooperativada) que atuam no Interior.
Enfrentando a convalescença da terceira cirurgia na perna esquerda, o economista Marcos Lisboa quebrou uma tradição: foi o primeiro palestrante de bermuda do Fórum da Liberdade, realizado na semana passada. Depois do painel sobre os rumos da economia brasileira com o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco e a economista Zeina Latif, o ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda deu uma entrevista exclusiva à coluna.
Por que você critica benefícios fiscais, em debate no RS?
As políticas de proteção a determinados setores são perigosas, porque, se fracassam - o que ocorre com frequência -, os governos ficam capturados pelo grupo que depende do benefício. Essas políticas são mal desenhadas. Algumas funcionam, como a da tecnologia do agronegócio, da ciência da computação, da saúde. Há condições muito específicas para que possam ser bem-sucedidas: precisam desenvolver vantagem tecnológica e de gente e ter prazo para acabar. No Brasil, não se faz isso, com raras exceções. Viram distribuição de benesses para empresários influentes. Como são muito ineficientes, deixam todos mais pobres. Acabam subsidiando uma empresa ineficiente, que não consegue sobreviver sem o favor do Estado.
Como cortar subsídios sem gerar pressão inflacionária?
Não tem pressão nenhuma. Só aumenta (os preços) uma vez. Algumas empresas vão ter dificuldades, outras não vão aguentar. Talvez outros competidores apareçam, talvez tenha de comprar de outros Estados. Talvez, em alguns casos, valha mais a pena importar. Mas a sociedade fica mais livre com o corte de benefícios.
É mais eficiente aumento de de ICMS ou corte de subsídios?
Corte de subsídios. O ideal é não ter diferença tributária entre setores. A alíquota tem de ser a mesma para todos. O mundo migrou para esse tipo de imposto. No Brasil, a reforma é um avanço, porque o sistema é mal desenhado. Gera ineficiência, baixo crescimento, baixa produtividade. A reforma é melhor. Mas ficou boa? Não, porque tem distorções, como alíquota menor para escritórios médicos, escritórios de advocacia que faturam R$ 20 milhões por mês.
O que o preocupa na regulamentação da reforma?
Está complicado e tem risco de piorar. O problema são os detalhes. Tem de regulamentar quem vai entrar no bonde do privilégio. O Estado brasileiro é permeável a fazer isso de forma pouco racional. A sociedade também é.
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