Presidente entra em campo
O presidente Lula se envolveu pessoalmente na tarefa de juntar os cacos e tentar reconstruir a relação com Arthur Lira e outras lideranças determinantes para o avanço do governo.
Para assegurar protagonismo e eficiência da reforma tributária, as lideranças do governo tentam emplacar os nomes de sua preferência na relatoria dos projetos de regulamentação. Mas, pelo menos até agora, Lira está disposto a priorizar nomes ligados à oposição.
Além do desgaste com Alexandre Padilha, Lira mede cada passo para manter sua relevância de olho na sucessão. O governo liberou emendas de execução obrigatória na última semana para reduzir as resistências, mas ainda tem dificuldade de mobilização sem o apoio de Lira na Casa.
No Senado, a relação com o Planalto está longe de ser um mar de rosas, mas é melhor. Está ali, contudo, uma das preocupações imediatas do governo: evitar a aprovação da PEC dos Quinquênios. O Executivo também concentra esforços para aprovação de projeto que retoma a cobrança de seguro obrigatório para indenizar vítimas de acidentes de trânsito.
Lula e Lira se encontram para tentar estancar atrito
Após sequência de desgastes na relação entre Palácio do Planalto e Congresso Nacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou na noite de domingo com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no Palácio da Alvorada. O encontro fora da agenda foi confirmado por interlocutores dos dois a veículos de imprensa.
Uma das raízes do atrito foi o rompimento de Lira com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, responsável pela articulação política do governo. No dia 11, Lira chamou Padilha de "incompetente" e "desafeto pessoal".
Ao longo dos últimos dias, Lira fez uma série de movimentos hostis ao governo, em resposta a situações como a demissão de um primo dele do cargo de superintendente do Incra em Alagoas e os sucessivos vetos do Planalto a medidas aprovadas pelo Congresso.
Lula já havia sinalizado disposição de receber Lira na semana passada, mas a expectativa era de que a conversa ocorresse apenas esta semana. Aliados do presidente chegaram a temer que a tensão escalasse a ponto de Lira aceitar um pedido de impeachment contra o presidente.
Menos de 24 horas após a conversa, Lula cobrou publicamente, durante ato de lançamento de um programa de estímulo a crédito, mais dedicação de ministros a negociações com o Congresso (leia na página 8).
Sinais
Em mais sinais de arrefecimento da tensão, Padilha afirmou ontem que os ?problemas com Lira são "episódio superado".
- O diálogo do governo continua, em nenhum momento fechou a porta - alegou.
Já o líder de governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), indicou que o Planalto está disposto a ceder parte do valor de R$ 5,6 bilhões em emendas parlamentares que foi vetado por Lula no orçamento deste ano. Os vetos serão analisados em sessão conjunta do Congresso amanhã.
O senador ainda repetiu que irá apelar para o "bom senso" em relação às "pautas-bomba", que têm forte impacto nas contas públicas. A principal é a PEC dos Quinquênios, que turbina os salários de juízes, procuradores e promotores, e pode custar até cerca de R$ 40 bilhões por ano. A proposta pode ser votada hoje no plenário do Senado.
- Me parece que ela (PEC) não é muito oportuna para um momento que o governo faz mobilização para organizar as contas públicas - disse Randolfe.
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