terça-feira, 9 de abril de 2024


09 DE ABRIL DE 2024
OPINIÃO DA RBS

PRESSÃO PELAS FERROVIAS

Agem de acordo com os legítimos interesses da região os governos do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná ao encomendarem um estudo para melhor dimensionar a demanda por transporte ferroviário nos três Estados. A definição ocorreu no final da semana passada, em um encontro em Curitiba com a participação do vice-governador gaúcho, Gabriel Souza, que vem tomando a frente em relação ao tema no Piratini.

O levantamento deve demonstrar a real necessidade em termos de oferta de locomotivas e vagões e de recuperação da rede ferroviária. Ao que parece, as queixas quanto à paulatina redução dos serviços pela concessionária Rumo, que explora a malha sul, não se resumem ao Estado. No Rio Grande do Sul, o volume transportado vem caindo ano a ano, como já mostraram diversas reportagens publicadas desde a década passada por Zero Hora. Dos 3,2 mil quilômetros de estradas de ferro originalmente recebidos na época da concessão, em 1997, cerca da metade não está em uso. As locomotivas e vagões disponíveis são antigos, com menor produtividade.

A malha sul, além de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, engloba São Paulo. É no território paulista que a concessionária tem priorizado os investimentos. Ocorre que, neste momento, discutem-se os termos da possível renovação do contrato de exploração, que vence em 2026. Governo gaúcho e entidades empresariais têm firmado posição de que a manutenção do quadro atual não é aceitável.

Está correta a estratégia do Rio Grande do Sul de somar forças com Santa Catarina e Paraná para pressionar o governo federal e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) em relação aos termos de uma possível renovação da concessão. Nos três Estados existem reclamações quanto ao subaproveitamento da malha.

A situação vigente traz prejuízos para a economia gaúcha. A posição geográfica do Estado, no extremo sul do país, faz da logística um aspecto essencial para a competitividade. O transporte ferroviário tem custos menores do que o rodoviário, em especial para distâncias maiores. Além dos grãos, o Rio Grande do Sul e os demais vizinhos do Sul são fortes em proteína animal, cargas que também poderiam ser conduzidas a outras regiões do país e a terminais de exportação com vantagens econômicas. 

O transporte de soja do interior do Estado para o Porto de Rio Grande e o retorno com fertilizantes, da mesma forma, têm potencial muito acima do que é movimentado atualmente. Utilizar mais os trens significa ainda ter estradas já saturadas com menos caminhões, fator que também contribui para a segurança dos demais usuários e desgasta menos as rodovias.

Em 2011, o volume movimentado por ferrovias gaúchas foi de 14 milhões de toneladas. Em 2021, foram apenas 3 milhões de toneladas. Nesse mesmo período, conforme a ANTT, em todo o Brasil a carga transportada subiu 11%, para 506 milhões de toneladas. Não é possível apenas assistir passivamente ao Estado ficar na contramão do transporte ferroviário no país.

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