08 DE ABRIL DE 2024
ACERTO DE CONTAS
Crise na Petrobras trava reajustes
Já era para o preço dos combustíveis ter subido nas refinarias da Petrobras, pois estão bastante defasados em relação ao mercado internacional. No diesel, está 12% (R$ 0,48) abaixo. Na gasolina, chega a 19% (R$ 0,65). Antes de mudar a política de preços, 10% era gatilho para alteração. Há distribuidora grande que já está estabelecendo cotas de venda aos postos, pois a procura sobe quando importar fica mais caro.
A defasagem aumentou pela elevação das cotações do petróleo e do dólar, que influenciam os combustíveis mundialmente. Porém, aqui, a Petrobras passa pela sua maior crise deste mandato do presidente Lula, o que é motivo e consequência dos preços represados.
O presidente, Jean Paul Prates, corre risco de ser substituído em razão de sua rixa com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. O nome à mesa é o do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, que gera receio do mercado, afetando as ações da estatal na bolsa de valores. Por mais que defenda a meta de déficit zero, é visto como quem apoia gastos elevados.
Há, ainda, a política de dividendos (lucro dividido entre acionistas), que não foram distribuídos na quantidade prevista. A informação que circula é de que a Petrobras voltará atrás. O valor foi retido por efeito contábil, diz o governo. A estatal tem um plano agressivo de investimentos para os próximos anos com foco na transição energética.
Em tempo, a gasolina está em R$ 5,64 no RS, e o diesel, R$ 6. Mesmo com a alta agora, não chegariam perto dos patamares mais elevados já atingidos aqui.
O cenário enfrentado pelas empresas e qual o futuro
O cenário agora é de rescaldo da pandemia, com um período de inflação e juro altos, além da quebra na cadeia mundial de suprimentos. O endividamento alto, inclusive das empresas que fizeram expansão com crédito caro, desemboca em problemas sérios de caixa.
- Empresas não perceberam que os pacotes de governo na pandemia injetaram muito dinheiro. Pegou todo mundo com uma dívida extremamente alta, que não consegue mais reverter. É o gordo de 200 quilos que reclama do bolo que comeu ontem. Não foi o bolo o problema. Foram os 20, 30 anos da vida pregressa, quando ele não soube gerenciar a saúde - analisa o sócio-fundador da Excellance, Max Mustrangi, que faz reestruturação de empresas.
O administrador judicial Augusto Von Saltiél, da Von Saltiél Administração Judicial, também lembra de negócios impactados pelos efeitos econômicos mundiais da guerra entre Rússia e Ucrânia.
- Algumas empresas que não conseguiram se adaptar ao "novo normal" - comenta o vice-presidente da Junta Comercial, Celio Levandovski, que é contador.
Junto a isso, as empresas acabaram conhecendo mais a ferramenta da recuperação judicial, até mesmo por terem sido credoras em algumas ocasiões, observou à coluna Robson Lima, consultor do escritório MSC Advogados. O preconceito e a apreensão com o mecanismo também diminuíram.
- Recuperações judiciais "populares" como Oi, Odebrecht e, especialmente, Americanas, ajudaram a popularizar o instituto, talvez visto hoje como mais uma ferramenta para a gestão dos negócios - analisa o administrador judicial José Paulo Japur, sócio da Brizola e Japur Administradora Judicial.
Mas e qual a tendência? O Banco Central vem reduzindo a taxa de juro Selic, o que já começou a chegar ao sistema bancário. O Estado terá safra cheia, mesmo que com cotações mais baixas para venda.
Quanto ao consumo, que move as empresas, a inflação mais baixa e os reajustes de salários mais altos tendem a aumentá-lo. Porém, há no horizonte gaúcho aumento de ICMS após o racha entre os empresários e vem uma pressão internacional para a Petrobras elevar preços de combustíveis.
- A indústria também tem praticado aumentos como reposição de perdas, o que tem feito supermercados perderem margem. A conta não vai fechar - diz Celio Levandovski.
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