03 DE MAIO DE 2023
INFORME ESPECIAL
Ando, logo existo
Lá estava eu, correndo os olhos na timeline, quando duas imagens, reproduzindo desenhos infantis, me detiveram. Ambas as ilustrações mostravam a forma como crianças haviam representado, visualmente, o caminho que faziam para a escola. Um dos esboços era rico em detalhes, colorido, mostrando uma igreja, um cinema e até as flores do percurso. O outro, mais simples, exibia apenas uma estrada cinza e sem graça. O que significava aquilo?
Fui pesquisar sobre o assunto. Descobri que os dois autores eram meninos de sete anos e frequentavam o mesmo colégio na cidade de Balzers, localizada ao sul do Principado de Liechtenstein, entre a Áustria e a Suíça. Os desenhos da dupla - e de outros meninos e meninas da localidade - foram analisados por um membro do Centro de Pesquisa e Documentação para Crianças e Meio Ambiente, na Suíça.
Em uma apresentação intitulada "Ich gehe, also bin ich!" (algo como "ando, ??logo existo!", em alemão), Marco Hüttenmoser fez uma análise sobre como a forma com que os pequenos se relacionam com a vida à sua volta influencia o desenvolvimento e a visão de mundo de cada um.
Resumindo: o dono do desenho rico de detalhes ia para a escola a pé. Já o seu colega, do desenho "vazio", fazia o trajeto de carro, sentado em uma cadeirinha no banco de trás do veículo, sem conseguir ver tudo aquilo o que o amigo era capaz de enxergar na rua.
Se a gente pensar bem, é curioso como isso também vale para nós, adultos. Em uma viagem, por exemplo, uma boa caminhada sempre é bem-vinda, porque é "assim que se conhece de verdade um lugar".
É claro que, no caso das crianças (e de todos nós), há outros aspectos a levar em conta, como a segurança. Nem sempre, em grandes cidades, é possível levar o filho ou a filha ao colégio caminhando. Há o risco de assaltos, de vias sem sinalização e até de encontrar um motorista descuidado pela frente. Ainda assim, vale a reflexão. Andar faz bem.
Mais cores na periferia
O movimento artístico que, nos últimos meses, vem transformando as ruas de Porto Alegre em galerias de arte a céu aberto não se restringe ao Centro. E que bom que é assim.
Transformado em espaço de música e de projetos sociais após anos de luta, um prédio até então abandonado, que um dia foi posto da Brigada Militar, hoje reluz múltiplas cores (veja as imagens). Mais do que beleza em uma área maltratada pelas mazelas da desigualdade social, a iniciativa ajuda a criar um sentimento de pertencimento e de autoestima na comunidade.
Abraçada pelos moradores, a Casa do Hip Hop Rubem Berta - uma das regiões mais populosas da Capital - exibe, desde abril, grafites com os rostos de Nelson Mandela, da cantora Elza Soares e do rapper Sabotage.
- Estamos muito felizes, porque esse espaço, antes, era degradado e inseguro. Agora, é motivo de orgulho - diz Leandro Seré, o Tiry, cantor de rap e ativista cultural à frente do projeto.
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