03 DE MARÇO DE 2020
+ ECONOMIA
Aceno de ação conjunta de países ricos e BCs alivia bolsas
A confirmação de que os ministros de finanças do G7 se reúnem hoje para definir "ações combinadas" que freiem o princípio de crise global no mercado financeiro deu alívio às bolsas nos Estados Unidos e no Brasil.
O índice mais tradicional de Nova York, o Dow Jones Industrial, disparou para fechar com alta de 5%. No Brasil, a subida ficou na metade do caminho (2,36%), enquanto o dólar ignorou a tentativa de tranquilização para avançar mais 0,13% e fechar com novo recorde nominal, a R$ 4,487.
Bancos centrais de Japão e Estados Unidos também indicaram "resposta coordenada à crise" e até Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial afirmaram estar prontos para "ajudar países-membros a enfrentar os desafios humanos e econômicos do surto de coronavírus em rápida expansão".
A ágil mobilização é um aprendizado de 2008, quando esse tipo de medida demorou, prolongando e aprofundando a crise.
No entanto, analistas ponderam que o cardápio de iniciativas à disposição dos governos hoje é menor do que há 12 anos. As taxas de juro estão em pisos históricos, como no Brasil - onde voltaram as apostas de novos cortes -, e instrumentos como facilidade de crédito não respondem às necessidades.
Para o economista-chefe da corretora Necton, André Perfeito, há dois problemas que será preciso enfrentar nessa "ação coordenada": a falta de "orçamento monetário" nos bancos centrais, com taxas de juro "no chão" e oferta de recursos já no limite, além da dificuldade de compensar fechamento de fábricas e cancelamentos de eventos. Na Europa, fecharam em queda as bolsas de Milão (1,5%) e Frankfurt (0,27%). Houve reação em Londres (1,13%) e Paris (0,44%).
RISCOS PARA A PRODUÇÃO
A indústria eletroeletrônica é uma das mais afetadas pelo coronavírus. Muitos componentes deveriam vir da China, onde as fábricas estão paradas desde o final de janeiro e, apesar de sucessivas tentativas, a produção ainda está longe de se normalizar. Em empresas como a Exatron Indústria Eletrônica, de Gravataí, o estoque está com áreas vazias que deveriam estar cheias, e o ritmo da produção teve de ser reduzido à espera de insumos.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), o volume importado da China representou quase metade (42%) do total do segmento em 2019. Outros países asiáticos, que também dependem de fornecedores chineses, respondem por mais 38% das compras no Exterior. Régis Haubert, diretor da Exatron, detalhou ontem o tamanho do impacto nas linhas de produção. Como fornece equipamentos de automação para residências, pondera que até a construção civil pode enfrentar problema com abastecimento desse tipo de equipamento. Caso a produção chinesa seja retomada nesta semana, Haubert estima que ainda vai levar de 30 a 60 dias para que as fábricas consigam colocar a produção em dia. Depois disso, ainda serão necessários 15 dias, por avião, ou 60 dias, por navio, para que os componentes cheguem às fábricas do Estado.
A BOLSONARO O QUE É DE BOLSONARO
A recente alta do dólar, contida por bilhões ofertados pelo Banco Central, é debitada na conta da gestão interna da economia, logo do presidente Jair Bolsonaro. "Dólar a R$ 5 e a culpa é do coronavírus? Ah, tá?" é uma formulação usual. O dólar fechou ontem com alta de 0,13%, em R$ 4,487, ainda por força dos temores despertados pelo coronavírus. Vinha embalado por vários discursos do ministro da Economia, Paulo Guedes, defendendo "juro mais baixo e dólar mais alto". Mas estava em R$ 4,16 quando o mercado começou a ter calafrios.
Na economia real, o Brasil já não vinha em velocidade de cruzeiro quando foi atropelado pelo coronavírus. Os sinais de que o último trimestre de 2019 não foi o que se esperava começaram a provocar reduções das projeções de alta no PIB antes dos tremores com o contágio do vírus na economia.
Um dado divulgado ontem pela Serasa Experian mostra que a reação já estava comprometida (veja gráfico acima). No ano passado, o número de empresas que não conseguem pagar suas contas em dia foi o maior desde o início da série histórica, em março de 2016. Em dezembro, muito antes que se ouvisse a palavra "contágio" no Brasil, subiu 9,5% em relação ao mesmo período de 2018 e de 1,6% na comparação com o mês anterior. Então, é preciso separar a conta de Bolsonaro, que vai até meados de janeiro, e a do coronavírus, que começa logo em seguida. Agora, o Brasil está na mão do G7. E o país já sabe que transformar tsunami em marolinha não evita perdas, só as transfere no tempo.
LEITORES INFORMARAM FALTA DE ÁLCOOL GEL, NO FINAL DE SEMANA, NO ZAFFARI E NA PANVEL. AS DUAS EMPRESAS CONFIRMARAM QUE HOUVE PROBLEMA NOS ESTOQUES, MAS ASSEGURARAM QUE A SITUAÇÃO JÁ FOI NORMALIZADA. A PANVEL MENCIONA "CRESCIMENTO EXPONENCIAL" DA PROCURA POR MÁSCARAS E ÁLCOOL GEL.
Negócios de futuro | RANDON VAI ACELERAR STARTUPS
Com foco em projetos para os segmentos de logística, serviços financeiros, seguros e mobilidade, a tradicional empresa de montagem de reboques da Serra lançou no final de fevereiro o Randon Ventures, um fundo de investimentos em startups.
A primeira rodada está aberta e prevê R$ 3 milhões para acelerar até 12 negócios inovadores em um ano.
Terá apoio da aceleradora ACE, responsável pela governança do fundo, além da Ventiur e da Baita Aceleradora. O primeiro projeto será com a startup paranaense TruckHelp, que desenvolveu plataforma de soluções e serviços para caminhoneiros e transportadoras, com ferramentas que conectam esse público a lojas de autopeças e oficinas.
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