29 DE AGOSTO DE 2019
+ ECONOMIA
Empresários sofrem pressão lá fora
Enquanto se multiplicam temores e relatos de impacto nos negócios de exportadores brasileiros, em reação ao dano à imagem do país no Exterior provocado pela má gestão da crise da Amazônia, o empresário gaúcho Marcus Coester (foto), CEO da Aeromovel Brasil, sentiu na pele o clima hostil de fóruns internacionais.
- Todos levamos a culpa - avalia Coester sobre o clima que enfrentou na última semana. - Como brasileiro, fui confrontado por interlocutores estadunidenses em todas as reuniões, precisamente seis vezes. Às vezes com deboche, às vezes com sarcasmo, mas também com certo grau de enfrentamento.
Coester, que disputa projetos fora do Brasil, como conexão no aeroporto de Los Angeles, relata que executivos e empresários brasileiros enfrentam "caricaturas" do Brasil.
- A negligência e talvez o posicionamento político arcaico do governo federal em relação a temas de sustentabilidade ambiental começaram a gerar situações embaraçosas aos brasileiros com negócios em outros países. Sem entrar na discussão dos reais interesses políticos e econômicos das outras nações sobre a floresta amazônica, o atual quadro em nada ajuda as empresas brasileiras com atuação internacional.
Luis Ferreira, executivo de uma grande multinacional com unidade na Região Metropolitana, reforçou o relato:
- Vou para um seminário de marketing digital e não tem uma pessoa que, ao saber que sou brasileiro, não me questiona, em um tom não agressivo, mas assertivo, sobre o problema.
Segundo Ferreira, a "visão rasa" da crise da Amazônia e o clima de cobrança moral pode ser difícil de imaginar do Brasil, mas é real e vai "muito além dos círculos profissionais". Para o executivo, o problema não é só do governo:
- Como brasileiros, nos encanta a ideia de termos o ?pulmão do mundo?, essa metáfora infeliz que virou marca, e como população somos pouco versados na dimensão e complexidade do problema.
MARTA SFREDO
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