17 DE AGOSTO DE 2019
DRAUZIO VARELLA
LUTO
O momento delicado exige, além de respeito, precaução em qualquer aproximação a quem está sofrendo
Lidar com pessoas que acabaram de perder entes queridos nos deixa inseguros. Que palavras usar para consolá-las? Como nos aproximarmos sem invadir-lhes a privacidade nem desrespeitar seus sentimentos?
A dificuldade de contato nos afasta e contribui para isolá-las do convívio social. O isolamento aumenta o risco de depressão, doença insidiosa que pode ter fim trágico.
A Harvard School of Medicine publicou um manual com o título Luto e Perda, no qual sugere medidas e gestos que podem trazer conforto a quem vive essa fase. Tomo a liberdade de resumi-lo:
1. Não tenha medo de mencionar a pessoa falecida
Embora a menção possa provocar choro, ela não deixará o amigo mais triste. Dizer como você também sente falta da pessoa que se foi é melhor de que o formal "sinto muito". É duro constatar que ninguém mais fala de quem você amou tanto.
2. Não pergunte "Como você está?"
Parece descaso. Como você acha que a pessoa vai responder uma pergunta tão impessoal? É melhor dizer "como você está se sentindo hoje?".
3. Dê esperança
É preciso cuidado para não parecer que você menospreza o sofrimento do outro. Dizer "seja forte" ou "não fique assim" ou "reaja", pode dar exatamente essa impressão e aumentar o isolamento. Procure palavras com o sentido da frase: "Você ainda ficará triste por um tempo que pode ser prolongado, mas você é forte e terá forças para encontrar o caminho". Dessa forma, estará afirmando que não existe solução fácil nem rápida, mas que a vida vai melhorar.
4. Procure a pessoa enlutada
Passados os primeiros dias ou semanas depois do funeral, os amigos geralmente se afastam. Entre em contato, telefone, visite, envie mensagens que expressem solidariedade e empatia. A pessoa pode dizer "foi a vontade de Deus", "foi melhor assim", "Deus escreve certo por linhas tortas". Você, jamais.
5. Ajude de verdade
Não basta dizer "se precisar de alguma coisa, conte comigo". Você estará transferindo para a pessoa a responsabilidade do pedido de auxílio que ela pode estar relutante em solicitar. Tome a iniciativa de ajudar com os procedimentos legais, a papelada, as compras e a manutenção da casa.
6. Leve refeições e lanches
Muitas vezes as viúvas e, especialmente, os viúvos encontram dificuldade em preparar as refeições nas primeiras semanas de viuvez. Levar comida, orientá-los e ajudá-los a fazer as compras de supermercado pode ser muito útil.
7. Escute com atenção em vez de aconselhar
Depois de uma grande perda, muita gente sente falta de falar sobre o acontecido, alguns chegam a contar a mesma história várias vezes. Seja paciente. Não tenha pressa em dar conselhos, aguarde até perceber que a pessoa deseja ouvi-los.
8. Evite julgamentos
É impossível avaliar no outro o sofrimento causado pela perda. A vida emocional da pessoa sofreu um impacto que poderá ser duradouro ou mesmo definitivo. Não considere fraqueza a demora na recuperação nem demonstre irritação diante da dificuldade dela em retomar a vida rotineira.
DRAUZIO VARELLA
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