sábado, 10 de agosto de 2019



10 DE AGOSTO DE 2019
COMPORTAMENTO

O nascimento de um pai

Neste domingo, o comerciante Márcio Rodrigues, de Taquari, estreará no Dia dos Pais, ao lado do pequeno José, que veio ao mundo nesta semana. Ele conta como têm sido os primeiros momentos dessa experiência emocionante e transformadora
Envolto num macacão de ursinho, com as mãos e os pés cobertos por pequenas luvas e meias brancas de tricô na mesma cor da touca, José França Freitas Rodrigues mantinha os olhos fechados e a respiração tranquila enquanto era afagado pelo comerciante Márcio Rodrigues, 40 anos, na manhã de 6 de agosto, no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Nascido oito horas antes, o menino parecia já estar se acostumando ao colo meio desajeitado do pai de primeira viagem.

- O pai tá aqui, José. Papai tá aqui - dizia, baixinho, Rodrigues, próximo ao ouvido do pequeno, que retribuía com caretas e sons.

Ainda emocionado com a cena presenciada naquela madrugada, quando acompanhou o parto da mulher, a advogada Cândida França Freitas, 32 anos, Rodrigues garantiu que, ao ver o rosto do filho, a própria vida ganhou novo sentido. Admitia ter sido encantamento à primeira vista.

- Logo que nasceu, primeiro, foi para o colo da mãe. Em seguida, quando agarrei ele, veio uma alegria muito grande. Me apaixonei. Não tem nada igual ao amor a uma vida. É um sentimento maravilhoso - comentou à reportagem, horas depois do nascimento.

Embora a gravidez estivesse diretamente ligada ao corpo de Cândida, Rodrigues assegura que a experiência da gestação foi compartilhada. Casados há 10 anos, não tinham planejado ser pais. A notícia da vinda do primeiro filho, porém, fez o comerciante se acostumar aos poucos com a ideia de ter uma criança em casa. O nervosismo, confessa, foi contido para manter a tranquilidade da própria mulher. A rotina mudou à espera de José.

- A gente, marinheiros de primeira viagem, não entendia nada sobre bebês. Fui pesquisar no Google para ver como cuidar de uma criança. Também ouvi os parentes mais velhos - conta Rodrigues.

Envolvimento

Segundo o psiquiatra clínico e psicoterapeuta Alexandre Schmidt, pai de primeira viagem de Bernardo, de dois anos, quanto mais o homem estiver envolvido no processo de gestação, mais vivências e alterações emocionais ele poderá experienciar.

- Desde sentimentos de expectativa, ansiedade, insegurança, até sentimentos de abandono. Mas a principal mudança relacionada a esta experiência é um aumento da capacidade empática, de te colocar no lugar do outro, de viver a experiência sobre o prisma de outra pessoa. E o nascimento é o grande momento, o pai passa a ter o contato físico direto com o seu filho ou filha e, naturalmente, ali, ele pode experimentar a emoção de ter gerado um ser concretamente - afirma.

ALINE CUSTÓDIO

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