14 DE AGOSTO DE 2019
PERIMETRAL
A nova noite da Capital
Eram dois públicos bem diferentes, o da Cidade Baixa e o do Moinhos de Vento: o primeiro, mais alternativo e descolado, não se misturava com o segundo, mais arrumadinho e requintado.
Assim foi a divisão, nas últimas duas décadas, da vida noturna em Porto Alegre - havia, claro, ramificações no Bom Fim e no Centro Histórico, mas o grosso da esbórnia sempre palpitava naqueles dois bairros. Só que algo mudou de uns meses para cá.
O público descolado e o grupo mais refinado - antes habitués de bares que pareciam concebidos exclusivamente para recebê-los - agora se encontram em uma espécie de zona híbrida, onde um certo charme moderninho garante o fascínio sobre tribos que mal conviviam.
São pubs, restaurantes e casas noturnas que apostaram na renovação do antigo cinturão industrial da cidade. Se por um lado aquele mundaréu de fábricas - a maioria caindo aos pedaços - confere um clima meio bruto à região, por outro são elas que fazem do 4º Distrito a novidade mais encantadora da noite porto-alegrense.
Além do aspecto tosco das fachadas, a autenticidade de bares como Fuga, Agulha, 4beer e Distrito Brewpub - todos instalados em velhos pavilhões - está justamente no ambiente industrial que se vê do lado de dentro. E é essa informalidade, digamos, calculada (com um investimento evidente na arquitetura interna), que faz a aura alternativa da Cidade Baixa encontrar o requinte do Moinhos de Vento.
- O aluguel aqui é mais barato. Claro que isso nos atraiu, mas o motivo principal está na ascensão desta zona: é a única área central para onde a cidade ainda pode crescer - diz Cláudio Lima Nery, 32 anos, um dos sócios do Fuga, inaugurado em abril.
Há vários empreendimentos também diurnos no 4º Distrito, mas já dá para dizer que a noite de Porto Alegre ganhou lá uma nova vida.
PAULO GERMANO
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