14 DE AGOSTO DE 2019
OPORTUNIDADE
Casal cria curso de inglês gratuito em Alvorada
Por enquanto, o bate-papo ainda é em português. Mas, logo, os novos alunos da escola de línguas Change, do bairro Bela Vista, em Alvorada, estarão conversando em outro idioma: o inglês. Desde sábado passado, 30 estudantes fazem parte do corpo de alunos da instituição - alguns ainda estão sendo encaixados nas turmas. Todos são bolsistas selecionados pelo casal de professores Eduardo Fortes Santos, 49 anos, e Miriam Fortes Santos, 42, que mantém a instituição desde 2013.
Os alunos selecionados procuraram a escola depois de uma reportagem publicada no dia 1º de agosto pelo jornal Diário Gaúcho. Eduardo e Miriam revelaram que a instituição forneceria 30 bolsas de estudos para jovens com idade entre 15 e 20 anos, estudantes de escolas públicas e moradores de Alvorada. O casal surpreendeu-se com a repercussão da iniciativa. Mais de 70 candidatos foram pessoalmente participar do processo seletivo, que ocorreu no dia 2 de agosto. Pelas redes sociais, mais de 200 pessoas procuraram a escola para pedir informações.
Para os dois professores, envolvidos com o ensino de outras línguas desde os anos 1990, o essencial para a seleção era a condição financeira e vontade do aluno.
- Conhecemos dezenas de histórias incríveis. Pessoas que vão se deslocar de outras partes da cidade de ônibus, dormir na casa de amigos, trabalhar de dia e estudar aqui à noite. Enfim, são muitas histórias de superação. E esperamos que o idioma ajude o mudar o futuro destes que foram selecionados - torce Eduardo.
A escola de idiomas tem ex-alunos que conseguiram estudar no Exterior, participando de intercâmbios na Itália e na Alemanha, graças ao aprendizado de uma segunda língua. Neste ano, quatro estudantes de países europeus estão em Alvorada aprendendo português na escola criada por Eduardo e Miriam. Eles ficarão um ano na cidade e, em breve, devem trabalhar como voluntários em organizações sociais do município e também em Porto Alegre.
- Vai ser um período de muito aprendizado para os brasileiros e para esses alunos que vieram fazer intercâmbio - diz Miriam.
Ilimitado. Os alunos selecionados para a bolsa de estudos na Change não têm tempo de permanência limitado na escola. A ideia é que eles dominem o inglês, mas depois, ainda podem aprender os outros idiomas disponíveis.
- A gente brinca que a bolsa é para a vida toda - conta Eduardo.
Na tarde de segunda-feira, a reportagem conversou com alguns dos bolsistas que foram selecionados para o projeto. Para Maísa Machado, 17 anos, estudante do curso técnico de Audiovisual do campus Alvorada do Instituto Federal (IFRS), a bolsa na Change é uma chance de ampliar suas chances no mercado de trabalho. Muito animada com a oportunidade, conta que deseja estudar até conseguir fazer um intercâmbio:
- Uma professora do IFRS compartilhou a reportagem. Viemos juntos tentar a bolsa.
No caso de Emilly Matias, 16 anos, foi a mãe quem viu a reportagem. Emilly leu o texto e decidiu ir à escola no dia da inscrição. A moradora do bairro Umbu também foi uma das selecionadas:
- Gostei muito do ambiente. Não teria condições de pagar um curso completo de inglês. Por isso, estou muito feliz com a oportunidade.
ALBERI NETO
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