16 DE AGOSTO DE 2019
+ ECONOMIA
Risco de recessão global é real
Desde o final de julho os mercados financeiros operam como montanha-russa, por medo de recessão global. Em um dia as bolsas desandam, no seguinte se recuperam. É a turbulência que costuma preceder perdas pesadas.
Ontem, no Brasil a bolsa caiu 1,2% enquanto o dólar recuou 1,24%, por esforço do Banco Central (BC), que passou a vender cédulas. Foi um dia calmo perto da véspera, quando o recuo de 0,1% no PIB da Alemanha no segundo trimestre, a desaceleração da produção industrial na China ao nível mais baixo em 17 anos e o comportamento dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos reforçaram o temor de um "mini 2008", referência à Grande Recessão causada pela crise da hipotecas nos EUA.
- Ainda não resolvemos os grandes problemas que causaram a crise do subprime em 2008 - diagnostica Antonio Corrêa de Lacerda.
Especialista em economia internacional, ele pondera que a escassez de demanda global deu impulso às medidas protecionistas e populistas de Donald Trump:
- É a reação de governos locais tentando preservar seu espaço. O que acaba ocorrendo é quadro de guerra comercial e cambial.
Para Lacerda, uma nova recessão global não é inevitável. Vai depender de que medidas serão tomadas por governos da reação dos mercados. Admite que o arsenal está mais restrito, mas não foi desmontado:
- Os juros já estão muito baixos, então o instrumento de política monetária é limitado. Restariam os fiscais, que também têm pouco espaço. Não quer dizer que não se possa fazer nada.
Por isso, embora a intervenção do BC brasileiro (leia mais abaixo) tenha antecipado a aplicação do pacote anticrise, Lacerda aprova a medida:
- O risco de recessão é péssimo para o Brasil, porque criamos nossa própria recessão, e agora o quadro internacional vai jogar contra. Mas o BC fez o óbvio. Diante do risco, interveio e entrou no mercado à vista. O discurso liberal é retórica. Na hora em que precisa, é o Estado que vai intervir.
MARTA SFREDO
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