EM DIA
ERRADO É ERRADO
Gosto sempre de contar para as pessoas
um dos ensinamentos que tive aos sete anos. Ao chegar em casa com uma
fruta que tinha pegado naturalmente ao passar por uma fruteira, minha
mãe, dona Nilva, perguntou onde eu havia conseguido. Simplesmente peguei
sem pagar. Minha mãe, ao descobrir o meu ato ilícito, teve uma atitude
imediata: me pegou pela mão e me levou de volta ao estabelecimento para
pagar pela fruta e pedir desculpas ao dono da fruteira. Na minha cabeça
de menino, até aquele momento, não achava que teria algum problema pegar
uma fruta em meio a uma quantidade enorme delas.
A lição foi dada e me mostrou que, independentemente do
valor monetário de uma fruta, a atitude estava errada e se configurava,
sim, em roubo!!! Em casa, replicamos a história com os filhos ao cruzar
em frente ao presídio mostrando onde estão reclusos aqueles que
roubaram ou cometeram outros crimes, mas que começaram com pequenos
delitos. E sei que a lição também ficou gravada na cabeça deles.
Fico chocado quando ouço pessoas proferindo o dito
popular "achado não é roubado e quem perdeu é relaxado", como se uma
apropriação indébita fosse legal. Se quisermos mesmo acabar com a
corrupção no Brasil, além de banir a impunidade dos criminosos, é
necessário educar - em casa e na escola - iniciando um debate permanente
sobre ética, direito e moral. Embora muitas condutas sejam sabidamente
imorais, a sociedade, muitas vezes, desconhece que, além de imorais,
também são crime.
É fácil falar e apontar a corrupção de grandes
criminosos que aparecem nas capas dos jornais, revistas e televisões,
mas a reflexão que precisamos fazer é: será que não somos coniventes no
dia a dia da nossa comunidade com pequenos atos ilícitos? É correto não
emitir nota fiscal, não declarar Imposto de Renda, falsificar carteira
de estudante, dar/aceitar troco errado, fazer "gato" da rede de energia,
fazer up grade legal da assinatura de TV a cabo, furar fila, comprar
produtos falsificados, bater ponto para o colega de trabalho ou
falsificar assinaturas?
Vivenciamos hoje uma sociedade contaminada por atitudes
que viraram padrão, esquecendo que o errado é errado. É o bom exemplo
na prática que educa nossos jovens e não a teoria das palavras.
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