15 DE AGOSTO DE 2019
+ ECONOMIA
Macri intervém e crise se agrava
As medidas econômicas, anunciadas ontem pelo presidente da Argentina, Mauricio Macri, derrubaram seu projeto liberal. O recado foi de que, se o eleitor quer populismo, ele mesmo pode entregar. Anunciou aumento do salário mínimo, redução de imposto, moratória para pequenas e microempresas e congelamento do preço da gasolina.
O pacote estratégico foi apresentado como um alívio para os efeitos da alta do dólar, que na Argentina contagia os preços de forma quase instantânea, diferentemente do Brasil, porque a economia local é muito mais indexada à moeda americana. Até eletrodomésticos têm preços em dólar expostos nas lojas.
Os jornais locais relatam aumentos entre 15% e 20% em fraldas, óleo de cozinha e farinha, e entre 20% e 30% em vestuário. Para tentar frear a saída de capitais e segurar a alta de preços, já no "lunes negro" o banco central argentino havia elevado o juro básico em 10 pontos percentuais, de 64% para 74% ao ano. O mercado reagiu mal. O dólar voltou a subir, para 62 pesos argentinos, e o risco país disparou para 2,6 mil pontos - antes do resultado eleitoral, estava abaixo de mil. Conforme o sistema que avalia o risco de o país dar calote, a probabilidade agora seria de 44%.
Mais do que tentar frear uma crise econômica, as medidas são uma tentativa de reduzir a vantagem, nas eleições de outubro, do adversário Alberto Fernández, que tem como vice na chapa a ex-presidente Cristina Fernández de Kircher. Macri quer ao menos a possibilidade de disputar o segundo turno.
O caos argentino contribuiu para que o dólar voltasse a fechar acima de R$ 4 pela primeira vez desde 20 de maio, quando havia sido cotado a R$ 4,10. A bolsa teve queda de 2,94%. E o que fez todo o mundo tremer, ontem, foram novos sinais de recessão global.
MARTA SFREDO
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