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sábado, 7 de fevereiro de 2009
07 de fevereiro de 2009
N° 15872 - PAULO SANT’ANA
Onde vai o dinheiro?
O que levou este colunista a entrar neste debate (ou suscitá-lo) sobre o Hospital de Clínicas foi o fato inconteste de que os recursos que o hospital apura com o atendimento aos convênios e particulares são todos investidos no reaparelhamento e conservação dos equipamentos do próprio estabelecimento, o que significa, em última análise, benefícios aos segurados do SUS.
Notem que Zero Hora divulgou anteontem que em 2008 foram realizadas 511 mil consultas no Clínicas. É uma cifra extraordinária.
Foram 29 mil internações e 40 mil cirurgias. Evidentemente que mais de 905 pelo SUS.
São números fantásticos.
E, no e-mail que publico abaixo, a direção do hospital salienta que a arrecadação com os convênios e particulares custeia também remédios para os pacientes do SUS de determinadas doenças, que não são fornecidos pela verba federal.
Esse detalhe comove a gente.
Eis o e-mail da direção do Clínicas: “Boa tarde, Paulo Sant’Ana. Quero cumprimentá-lo pela abordagem que tens feito em relação ao Hospital de Clínicas. Trata-se de um debate que diz respeito, antes de mais nada, à sustentabilidade organizacional da instituição. Nesse sentido, me parece que ainda há alguns aspectos a serem melhor esclarecidos.
A cada dia, o HCPA necessita investir R$ 20 mil unicamente para repor a depreciação dos seus equipamentos diagnósticos e terapêuticos. Trata-se do custo diário de uma depreciação tecnológica avaliada, em 2008, em R$ 7,4 milhões e integralmente reposta pelo HCPA.
A reposição desse patrimônio destina-se a manter a capacidade tecnológica atual e não inclui nenhum equipamento novo. Tal situação já significaria um atraso tecnológico se considerarmos que todos os dias são descobertas novas técnicas, medicamentos e procedimentos necessários às práticas diagnósticas e terapêuticas.
Diariamente, o SUS remunera o HCPA em R$ 275 mil para as internações e atendimentos ambulatoriais. As despesas de consumo de material e medicamentos e serviços representam R$ 332 mil por dia, resultando numa diferença negativa de R$ 57 mil diários. O HCPA mantém o tratamento de 70 pacientes portadores de leucemias que necessitam utilizar o medicamento imatinibe.
A diferença entre o custo do imatinibe e o valor remunerado pelo SUS gera um prejuízo ao HCPA de R$ 100 mil/mês. Esses valores são cobertos com a receita de convênios atendidos em 10% das internações praticadas no HCPA. Essa receita permitirá à instituição investir R$ 7 milhões em equipamentos em 2009 para melhor atender à população.
É importante enfatizar que o recurso repassado pelo SUS é para custeio das despesas assistenciais e algum incentivo para o ensino e não para o investimento tecnológico.
De maneira que, face aos argumentos apresentados, é fácil constatar que ainda há muito a ser feito em termos da sustentabilidade organizacional de hospitais que prestam uma assistência à saúde de excelência, indissociadamente à pesquisa e ao ensino, como é o caso do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Atenciosamente, (ass.) professor Ricardo Kuchenbecker, adjunto da Vice-Presidência
Médica, Hospital de Clínicas de Porto Alegre”.
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