Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sábado, 12 de janeiro de 2008
TPM MASCULINA
É muito difícil fazer com que dois escritores concordem sobre um fato acontecido há 40 anos. Deve ser por isso que os historiadores ainda continuam debatendo o que realmente houve na França em 1789.
Por enquanto, há unanimidade sobre um único aspecto: muita gente perdeu a cabeça naquela época.
O resto é polêmico. Parece, no entanto, que já se avançou, graças a um pouco mais de tempo para reflexão, sobre as razões da decadência do Império Romano.
Salvo engano, os romanos teriam ido longe demais. Saber, portanto, o que realmente ocorreu em maio de 1968, quando os estudantes proibiram proibir e continuaram sem tomar banho, é quase impossível. Há informações em excesso.
O jornalista brasileiro Zuenir Ventura decretou num livro que 68 não terminou. O maldito escritor francês Michel Houellebecq acha que esse ano nem começou. Exceto como operação de marketing internacional.
Certo é que depois de 1968 muitos comportamentos mudaram. Por exemplo, 68, em termos sexuais, teria liberado os casais, mesmo aqueles com papel passado, para o 69. Michel Houellebecq garante que o melhor de 68 foi o 69.
Os pais de hoje poderiam entrar com pedidos de indenização contra os protagonistas da 'revolução comportamental' de 68.
Por causa deles, os filhos (e filhas) podem agora trazer os namorados (um por semana, ao menos) para dormir em casa. A conseqüência é o saque à geladeira. O prejuízo pode ser grande.
O 'ficar', prática adolescente consistindo em beijos e amassos com filas de parceiros numa mesma noite, sem levar para casa, já seria uma reação paterna para evitar incursões à cozinha.
Passada a época dos seqüestros de embaixadores e dos assaltos a banco com fins ideológicos, restou o ataque à geladeira, no meio da noite, como vestígio de uma mutação social abortada bem antes da queda do Muro de Berlim.
Outra conquista de maio de 1968 foi a TPM masculina. Antes, mesmo as mulheres só tinham direito à TPM clássica. Hoje, experimentam também a TPM alternativa: Temporada Pós-Marido.
É um abraço. Atrás do outro. A TPM masculina pode ser pré ou pós: Tensão Pré-Matrimônio, quando o homem tenta escapar de qualquer jeito, e Tensão Pós-Matrimônio, quando o homem tenta se casar de novo o mais rápido possível.
Evidentemente, há os lobos que, enfim livres, se imaginam 'ficando', à maneira mais antiga, ou mais radical, com dezenas de mulheres, uma mais linda do que a outra a cada noite.
Aí, a Tensão Pós-Matrimônio pode atingir níveis insuportáveis, visto que a relação entre oferta e procura costuma frustrar as expectativas mais otimistas dos agentes no mercado.
O jornalista Alfredo Possas criou o conceito de TPN (Tensão Pré-Natal). Ou, para evitar mal-entendidos, Tensão Pré-Noel. Pois o ápice da TPM masculina acontece em dezembro.
O cruzamento da TPM (Tensão Pós-Matrimônio) com a TPN pode ser fatal. Enche até o saco do Papai Noel. O homem separado não consegue comprar sozinho nem os presentes para os filhos.
Além disso, teme a solidão. Erra de shopping em shopping na esperança de encontrar o que mais procura: uma nova mulher. Ou uma mulher nova. Se duvidar, escreve ao bom velhinho para implorar esse presente.
Um homem na TPN/TPM só não maldiz 68 por, em geral, esquecer as datas mais importantes da existência. Houellebecq sugere que a saída, inventada pela liberação geral de maio de 68, para os casos mais graves, é a boneca inflável. Não sejamos radicais. Sejamos antigos.
juremir@correiodopovo.com.br
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