domingo, 6 de janeiro de 2008



O mau exemplo das "pontes'

OS AMERICANOS usam e abusam da expressão "time is money". Mas há uma certa razão para isso. O tempo é um bem muito precioso.

O governo de São Paulo estimou que, em 2007, foram gastos R$ 235 milhões com as faltas dos professores de primeiro grau por motivos atribuídos a doenças. É um número impressionante, que resulta em sério prejuízo para o ensino.

A maioria dos professores não falta, é verdade. Mas a média de ausências é de 32 dias anuais. Isso é muito quando se leva em conta que o ano letivo tem apenas 200 dias.

Em boa hora, o governo do Estado de São Paulo enviou à Assembléia Legislativa um projeto de lei que limita essas faltas a seis por ano, a menos que haja parecer de perícia médica estabelecendo em contrário -ninguém pode dizer que o professor pode adoecer apenas seis dias por ano.

Mas o problema de excesso de faltas não se limita à área da educação. Na saúde também há muitas faltas. E, no Poder Legislativo, nem se fala.

Em 2007, 75% dos deputados federais faltaram a mais de 25% das sessões -há casos de 50%-, lembrando que naquela Casa o expediente efetivo é de apenas três dias por semana -de terça a quinta-feira.

Seria injusto não mencionar o grande número de dias não trabalhados no setor privado. A maioria é sancionada por lei, que estabelece paradas obrigatórias. Outra parte é aprovada pelas próprias empresas, que adotam o sistema de pontes entre os feriados e os fins de semana.

O ano de 2007 foi pródigo. A primeira ponte foi no Carnaval, pois ninguém é de ferro... O dia 1º de maio caiu numa terça-feira, o que ensejou o enforcamento da segunda-feira anterior, 30 de abril.

Corpus Christi caiu numa quinta-feira (7 de junho) e foi emendado com a sexta-feira. O 15 de Novembro também foi quinta-feira, que, em São Paulo, foi emendado até a outra terça-feira em comemoração ao Dia da Consciência Negra.

E os dias 25 de dezembro e 1º de janeiro caíram nas terças-feiras, o que provocou a grande ponte dos dois últimos fins de semana. Pelas minhas contas, foram 21 dias sem trabalho, isso porque a homenagem a Tiradentes caiu num sábado, senão seriam 22 dias.

Para se saber quanto se trabalha efetivamente, há que juntar a esses 21 dias os 52 sábados, 52 domingos e 30 dias de férias, que, no total, chegam a 155 dias sem trabalho -quase a metade do ano, sem nos esquecermos de que o descanso é sagrado.

Esse assunto me intriga, porque o brasileiro é um povo trabalhador por excelência.

antonio.ermirio@antonioermirio.com.br

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