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sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
04 de janeiro de 2008
N° 15468 - Paulo Sant'ana
Chokito
Morreu meu amigo Chokito. Morreu sozinho num hospital de Belém Novo. Foi no último dia 28.
Chokito era um quase mendigo. Branco, estatura média, com barba grande, vivia de donativos em suas andanças trêmulas e parcas pela cidade.
Tornei-me amigo dele apresentado pelo Guerrinha. Se o Guerrinha gosta de alguém, eu também acabo gostando.
Chokito morreu na semana passada de câncer no estômago, com alastrada metástase.
Tinha o apelido de Chokito por um sarcasmo coletivo que se instalou no Centro, bairro onde ele quase sempre vivia. Aliás, ele morava há anos numa pensão do Centro, pagava por dia, pasmem, R$ 11. Imaginem o pardieiro onde ele morava. Mesmo assim, era um lugar até que mordômico para quem foi na vida inteira um quase mendigo, um tremendo desprotegido.
Voltando ao apelido de Chokito que a plebe lhe deu, devia-se às 200 verrugas que havia no pergaminho de sua pele, espalhadas no corpo inteiro. Enormes verrugas, do tamanho de pitangas.
Então lhe aplicaram o apelido de Chokito, referência ao bombom de chocolate muito vendido no comércio, cheio de protuberâncias.
Afora o apelido tão genial quanto escatológico (por vezes o povo é cruel com suas chacotas), Chokito era uma pessoa muito amável, serviçal, devotado a quebrar os galhos dos outros, como pagar contas.
Ele era terrivelmente pobre, mas um homem de confiança, nunca se apropriou de dinheiro ou quaisquer outros valores dos outros.
Era só, morava só numa pensão barata do Centro, dedicava-se todo dia a favores que prestava aos amigos.
Era muito só, muito desamparado, meu desventurado amigo Chokito.
Para essas pessoas assustadoramente sós, Vinicius de Moraes fez um poema que encaixou numa música antológica, denominada Um Homem Chamado Alfredo, da qual um trecho que vou agora reproduzir parece que foi escrito para o Chokito:
"Ah, quanta gente sozinha/ gente que mal se adivinha/ gente sem mãos para dar/ gente sem fé para orar/ gente que basta um olhar/ quase nada/ Gente com os olhos no chão/ sempre pedindo perdão/ gente que a gente não vê/ porque é quase nada".
Terrível e sublime!
Encontrei anteontem na parrilla Viejo Panchos, onde vai sempre com o ex-deputado federal Jorge Uequed, o ministro e senador Paulo Brossard.
Tão pronto me viu, Paulo Brossard contou-me o seguinte fato: esses dias, encontrou-se na rua com uma senhora. Brossard, tirou seu chapéu panamá e saudou a senhora. A senhora perguntou ao condestável Brossard, ao erudito Brossard: "O senhor não é o Paulo SantAna?".
Realmente sou parecido com Brossard, muitas pessoas me dizem que seu olhar e seus cabelos são iguais aos meus.
Mas quando a senhora perguntou na calçada da rua a Brossard se ele era o Paulo SantAna, o ministro respondeu: "Ainda não".
E eu acrescento que o ministro Brossard ainda chega lá.
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