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quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
03 de janeiro de 2008
N° 15467 - Nilson Souza
O ano da coruja
Sei que o público vaiou e que o prefeito ficou indignado, mas também me incluo entre os que aplaudem a ação do Batalhão Ambiental da Brigada Militar que impediu os fogos da virada de ano em Capão da Canoa, para não perturbar a família de corujas hospedada nas dunas da praia.
A prefeitura gastou R$ 26 mil para iluminar os céus da cidade na chegada de 2008 e agora não sabe o que fazer com os rojões que seriam queimados durante 12 minutos, exatamente no lugar onde a coruja dorme, com seu companheiro e seus filhotes recém vindos ao mundo.
Sugiro que a administração pública guarde as suas bombinhas para as festas juninas ou distribua os foguetes para os pescadores utilizarem como sinalizador em caso de necessidade, mas deixe as aves em paz.
Os veranistas contrariados também devem refletir melhor. O Ano-Novo chegou de qualquer maneira e certamente com um pouco mais de paz para todos.
Basta lembrar o exemplo trágico da vizinha Imbé, onde um artefato disparado irresponsavelmente atingiu a cabeça de uma idosa, causando sua morte. Neste sentido, é uma bênção para Capão da Canoa ter sido escolhida como estação de verão pela família de simpáticas corujas.
Esta semana mesmo, lendo sobre previsões e simpatias para a virada de ano, encontrei uma curiosidade que se adapta perfeitamente ao episódio do litoral gaúcho.
Um xamã, que é uma espécie de sacerdote indígena e que se vale de recursos da natureza para curar pessoas, dizia exatamente que 2008 é o ano da coruja-branca, símbolo do aprendizado: "Por isso, devemos adotar a postura de aprendizes e prestar muita atenção nas questões mal resolvidas", recomendou.
Tenho uma amiga querida que costuma reagir sempre com a mesma frase quando ouve uma queixa ou o relato de um acontecimento amargo:
- E o que a gente aprende com isto?
Podemos aprender, por exemplo, que os pássaros, os cães, os gatos, os cavalos e todos os animais merecem um pouco mais de respeito quando promovemos as nossas barulhentas celebrações.
Podemos, também, até para consolar os inconformados veranistas que ficaram sem o show de fogos, aprender que a coruja-branca se alimenta de roedores, sendo uma das responsáveis pelo controle da população de ratos.
Podemos, talvez, aprender que os governantes queimam o dinheiro de toda a população - e não apenas dos apreciadores do foguetório - quando investem recursos públicos em pirotecnia.
Ou, quem sabe, podemos aprender a mais importante de todas as lições do Ano da Coruja: que 2008 pode ser efetivamente um ano de cuidados com o meio ambiente.
Excelente quinta-feira com temparaturas acima dos 30º graus e clima seco por aqui nesta Porto que continua alegre.
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