
04 de Julho de 2025
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo
Menor dólar em um ano e novo recorde da bolsa
Uma leve queda de 0,29%, ontem, foi suficiente para levar o dólar comercial ao menor nível em um ano, de R$ 5,405. Cotação menor, só em 24 de junho do ano passado, quando era de R$ 5,3909. A bolsa de valores teve novo recorde, com alta de 1,5%, para 141 mil pontos.
Como desde que as políticas erráticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, passaram a dominar as preocupações do mercado, outra vez o maior peso veio de dados da economia americana. Mas tiveram coadjuvantes em sinais - ainda pouco consistentes - de pacificação no impasse entre governo e Congresso no Brasil.
Um importante dado de emprego nos EUA veio acima do esperado: foram criadas 147 mil vagas em junho, enquanto o mercado esperava 110 mil. Antes de Trump, seria motivo para elevar o dólar. Agora, ajuda a depreciá-lo. Sem a desaceleração esperada lá também, há menos espaço para corte de juro. Por outro lado, afasta o risco de recessão por lá.
Lira fala em dar "um passo atrás"
No capítulo dos sinais, o ex-presidente da Câmara das Deputados e relator do projeto de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, Arthur Lira (PP-AL), disse que este é um momento de dar "um passo atrás" na crise entre poderes e avançar no diálogo para que o relatório da proposta avance na próxima semana. Segundo Lira, as tensões teriam diminuído.
Também circulou a informação de que Lira teria mantido telefonema de uma hora com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A forte queda do dólar no primeiro semestre é resultado mais de problemas na economia americana e menos da falta deles na brasileira. Assim como o real, várias moedas têm se valorizado ante as "verdinhas", em efeito desejado por Trump e temido por boa parte do mercado, pela insegurança que significa uma moeda de reserva estar perdendo valor de forma acelerada. É um efeito desejado por Trump, embora muitos analistas vejam potenciais riscos nesse comportamento. _
A Petrobras informou ontem que vai investir R$ 23 bilhões no Complexo de Energias Boaventura, antigo Comperj, até 2029. Quer produzir combustíveis e petroquímicos, além de fazer duas térmicas no antigo alvo da Lava-Jato.
Contorno de Vaca Muerta
Foi assinado ontem, durante a reunião do Mercosul, em Buenos Aires, um acordo entre Argentina e Paraguai para aproveitamento de gás da reserva argentina de Vaca Muerta.
A alternativa conectaria o campo de gás ao Centro-Oeste, não ao Sul. Há anos existe expectativa de que o combustível entre pelo Rio Grande do Sul, mas o custo de conexão é estimado em cerca de US$ 3,7 bilhões (cerca de R$ 20 bilhões). Para viabilizar o investimento, haveria necessidade de vender 15 milhões de m3 por dia no Sul. Mas ainda há apostas. _
Pouco entusiasmo com acordo B
O acordo de livre-comércio entre Mercosul e Associação Europeia de Livre-Comércio (Efta, formada por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein) foi recebido com entusiasmo limitado entre exportadores gaúchos. A maior participação nas vendas para o bloco é o de couro, que já tem tarifa zero. O presidente-executivo do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), José Fernando Bello, avalia que o novo acordo estimula a aproximação entre os blocos, dá mais confiança e pode ampliar negócios. _
Pix protegido, sistema nem tanto
O desvio de uma quantia estimada em até R$ 1 bilhão é considerado um dos maiores ataques hacker da história do Brasil. Não afetou pessoas que fazem ou recebem Pix, porque mirou dinheiro que instituições financeiras detêm no Banco Central (BC).
O ataque à C&M Software, que presta serviços ao setor financeiro, também provocou quedas nas ações de bancos. O episódio não comprometeu todo o complexo que permite o funcionamento do Pix - o ataque não ocorreu no "varejo", ou seja, nas transações individuais, mas em grandes volumes que lastreiam operações. Mas expõe vulnerabilidades.
- Infelizmente, a segurança da informação ainda não é tratada com a seriedade necessária - reforça o advogado Francisco Gomes Junior, presidente da Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP).
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