
14 de Julho de 2025
CARPINEJAR
O fim de uma flauta
Morreu a piada dos colorados: o Grêmio não tem estádio. Marcelo Marques, 45 anos, é o autor da proeza de arrancar a graça da flauta e recuperar a altivez dos gremistas. O Grêmio possui novamente residência definitiva. O pré-candidato à presidência - CEO e fundador da Marquespan - adquiriu o endereço no Humaitá, tradicional palco esportivo da zona norte da Capital, com capacidade para um público de 55 mil pessoas.
Pagou R$ 50 milhões para a Arena Porto-Alegrense, divididos em nove parcelas, e mais R$ 80 milhões para a Revee, que detinha dois terços do crédito pela construção do empreendimento.
Ele não comprou a eleição, como alguns invejosos podem insinuar: mostrou-se um torcedor apaixonado, fanático e incondicional. Quem dera que todos os empresários fossem assim com seus clubes - mais coração e coragem, menos individualismo e medo do prejuízo.
Voltou a viabilizar o Grêmio e escreveu um final feliz para uma pesada novela que envolvia dívida com bancos, penhora judicial do estádio e do direito de superfície, além de conflitos de cortesia que afetavam sócios, conselheiros e convidados nos jogos.
É uma trama rocambolesca que se iniciou em setembro de 2010, com o levantamento da Arena por R$ 540 milhões. A obra foi realizada numa parceria entre o Grêmio e a OAS, por meio da empresa Arena Porto-Alegrense, que passou a gerir o estádio.
A construção seguiu o regime de concessão: a OAS investiu, ficou com os direitos de exploração da Arena por 20 anos, e o Grêmio cedeu o terreno do antigo Olímpico como parte do acordo e arcou com compromissos financeiros de operação, manutenção e repasse de receitas.
Finalmente, deve acontecer a troca de chaves entre Arena e Olímpico, o que significa a transmissão da posse da área do Olímpico para as empresas Karagounis e OAS 26 e, como contrapartida, a posse tricolor permanente da área da Arena e sua concessão. Desde 2013, sob a responsabilidade do então presidente Fábio Koff, o Grêmio debatia juridicamente a natureza do negócio.
Com o livramento da alienação fiduciária do financiamento da construção, Marques liquida as pendências e retoma a autonomia da administração, representada principalmente na arrecadação de bilheteria em partidas e shows.
Não dá para duvidar de quem abriu uma padaria no fundo de um quintal em Gravataí e se transformou no império do cacetinho. Em 26 anos, o bico que surgiu no puxadinho da casa dos pais, seu Edemar e dona Elga, gerou três grandes fábricas - em Gravataí (RS), Santa Luzia (MG) e Tatuí (SP), sendo que esta inaugurará mais uma planta em agosto -, com mais de 5 mil colaboradores e uma frota própria de 600 caminhões, atendendo 20 mil clientes pelo Brasil. A Marquespan produz, diariamente, 17 milhões de pães.
Marcelo Marques entra na disputa presidencial contrário à ideia da privatização do comando do clube. Para ele, a categoria de base injeta tanto quanto uma SAF - basta incrementar o aporte: "Cada R$ 1 na base rende R$ 4 de retorno".
Sua proposta é aumentar a torcida. Já começou devolvendo o orgulho para a massa tricolor. Mesmo antes de ser eleito, deixou o seu legado.
Quem ri por último ri melhor.
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