24 DE NOVEMBRO DE 2022
OPINIÃO DA RBS
PROPÓSITO ANTIDEMOCRÁTICO
Finalizadas as eleições, o país deveria ter na ordem do dia do debate público os problemas reais que afligem a população. É lastimável que, mais de três semanas após o segundo turno, ainda exista quem insista em questionar a lisura do processo eleitoral sem apresentar qualquer prova. A ação do PL - partido do presidente Jair Bolsonaro - para tentar anular os votos de 279,3 mil urnas eletrônicas, sob alegação de "mau funcionamento", presta-se apenas para o deplorável propósito de alimentar os protestos antidemocráticos que se iniciaram logo após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva na disputa pelo Palácio do Planalto.
As tais "desconformidades irreparáveis" que o estudo diz existir começaram a ser rebatidas por especialistas ainda na terça-feira, quando o PL ingressou com a ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Não fosse o momento ainda sensível no país, seria apenas caricata a tentativa de buscar anular apenas os resultados do segundo turno, e não também os do primeiro, quando o PL saiu das urnas com a maior bancada na Câmara dos Deputados. Afinal, os mesmos equipamentos foram usados nas votações dos dias 2 e 30 de outubro.
Se as conclusões do trabalho encomendado pelo partido são facilmente refutadas, parece óbvio que o objetivo é apenas manter cidadãos mais fanatizados mobilizados em frente a quartéis e em rodovias. Esses protestos de cunho golpista, no entanto, deixaram de ser apenas antidemocráticos, o que já é grave. Ultrapassaram o absurdo de um delirante pedido de intervenção pela força para mudar os resultados das eleições.
Além das restrições à liberdade de ir e vir de outros brasileiros com os bloqueios ilegais em rodovias, nos últimos dias, foram registrados atos violentos classificados até como terrorismo por forças policiais. São casos de incêndio em veículos, invasão de prédios com homens armados e encapuzados, uso de bombas caseiras, agressões, pedradas, sabotagens no abastecimento de água e ataques a tiros contra agentes da lei.
É este clima de barbárie que as reiteradas tentativas de colocar em dúvida a eleição presidencial incentiva. O país clama por paz, e não por baderna, violência e radicalismo. A lisura do pleito foi comprovada por observadores internacionais, pelo Tribunal de Contas da União (TCU), pela Ordem dos Advogados do Brasil e mesmo o relatório das Forças Armadas não identificou qualquer suspeita de fraude. O eleito fez, inclusive, acenos pela pacificação.
Além de identificar e prender os responsáveis pelas ações selvagens, é preciso que as autoridades analisem também a conduta de lideranças que agem com má-fé apenas com o propósito de criar mais instabilidade. Tecnicamente, tudo indica que a ação do PL reúne todas as condições para ser indeferida pelo TSE. Não devem ser esquecidos, no entanto, os arautos do golpismo, interessados apenas em macular a democracia brasileira e desrespeitar a vontade popular manifestada pelo voto livre.
Um comentário:
a falta se3 lisuta destas elições é que causa esta demora ..... não mude os fatos
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