COMUNICAÇÃO E VACINA
Em pronunciamento nacional na noite do último domingo, a ministra da Saúde do Brasil, Nísia Trindade, celebrou o anúncio da Organização Mundial da Saúde sobre o fim da emergência internacional da covid-19 ao mesmo tempo em que alertou a população brasileira de que é imprescindível continuar a campanha de vacinação. O atual cenário, segundo a representante do governo, indica uma transição do modo de emergência para um enfrentamento continuado, como parte da prevenção e do controle das doenças infeciosas. Em resumo: as vacinas, que foram fundamentais para a desaceleração da pandemia, não devem ser abandonadas.
Depois de três anos do negacionismo oficial que teve peso significativo na perda de 700 mil vidas de brasileiros para a doença, a manifestação governamental é oportuna e merece ser recebida com atenção e seriedade por todos. O Brasil precisa recuperar a saúde de sua população para superar também a dramática situação das emergências superlotadas nos postos de atendimento e nos hospitais. Para isso, a continuidade dos cuidados e da vacinação é imprescindível, mas também é fundamental esse retorno da comunicação transparente entre o governo e os cidadãos.
Ao lembrar que atualmente as hospitalizações e os óbitos causados pela covid-19 ocorrem predominantemente a pessoas que não se vacinaram ou que não concluíram o ciclo recomendado de vacinação, a ministra deixou claro que a pandemia persiste e que o vírus continua evoluindo e passando por mutações. Para evitar que ele reincida, o poder público e os cidadãos devem se manter alinhados, cada um cumprindo o seu papel. Cabe ao governo federal comandar um trabalho colaborativo com Estados e municípios no sentido de oferecer imunização, tratamento e orientação adequada aos cidadãos, mas também é dever de cada brasileiro manter-se informado e buscar os recursos oferecidos.
Ao retomar esta comunicação de mão dupla entre os gestores da saúde e os cidadãos, interrompida desde que o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta foi afastado por divergências a respeito da política de isolamento social, na administração anterior e no período mais agudo da pandemia, o Ministério da Saúde resgata um instrumento importante de combate à desinformação. As fake news, vale lembrar, contribuíram fortemente para o estrago feito pelo vírus em nosso país.
No seu pronunciamento dominical, a ministra da Saúde fez questão de lembrar ainda que, apesar das dificuldades causadas pela negligência do governo anterior e pela disseminação de mentiras, muitas vidas foram salvas devido ao bom serviço prestado pelo Sistema Único de Saúde e graças ao esforço incansável dos trabalhadores da área. O reconhecimento é mais do que oportuno, mas precisa ser acompanhado por iniciativas de fortalecimento do SUS e por programas permanentes de prevenção para eventuais emergências sanitárias.
Assim como as vacinas para a covid-19 e para as demais doenças preveníveis continuam sendo indispensáveis, também é essencial contar com administradores públicos imunizados contra a negligência, a corrupção, o autoritarismo e a desumanidade - males endêmicos e históricos da política nacional.
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