quarta-feira, 13 de maio de 2020



13 DE MAIO DE 2020
MÁRIO CORSO

Projeto na área de antigo ginásio Direita ou esquerda

Ainda faltam alguns movimentos para que o terreno do antigo ginásio da Brigada Militar, na Capital, seja repassado para a construtora Verdi - que, em troca, ergueu um novo presídio em Sapucaia do Sul. Mas as especulações financeiras no local já estão ocorrendo. O terreno de quase 10 mil metros quadrados está há nove meses vazio, desde que as ruínas do ginásio foram retiradas.

A área foi cercada e o mato tem tomado conta. A Verdi aguarda do governo o termo de recebimento definitivo do terreno. Há, porém, um impasse sobre a rede de esgotos do novo presídio, que inclui discussões com a Fepam e as prefeituras de Sapucaia do Sul e São Leopoldo.

Por outro lado, os investidores estão fazendo planos. Um deles envolve a construtora paranaense Plaenge. Um estudo preliminar do projeto do terreno já foi desenvolvido. Assinado pela Vanguard, empresa do mesmo grupo, mostra já sua projeção para a área. Nesse projeto, haveria duas torres residenciais maiores, uma torre comercial e estacionamentos. A área construída chegaria a 40,95 mil metros quadrados. Duas lojas âncoras são projetadas. Também há previsão para lojas de 70 a 188 metros quadrados e salas comerciais de 30 a 730 metros quadrados. Na ala residencial, são projetados seis apartamentos por andar: 64 imóveis com dois dormitórios e área de 74 metros quadrados. Para três dormitórios, estão previstas 128 unidades, com 99 metros quadrados cada, com uma ou duas vagas de garagem. Há piscina, área para crianças e espaço para animais de estimação.

A Verdi nega que tenha vendido o terreno e cita que ainda não tem posse da área. O superintendente regional da Plaenge, Rodrigo Martins, diz que o terreno foi oferecido e que estudo preliminar foi elaborado.

Se existe um consenso, é de que vivemos uma radicalização política. A questão é como usamos mal o esquema classificatório básico. Pensamos os entendimentos de mundo como sendo de direita ou de esquerda. Não discordo, mas é um esquema unidimensional.

O mundo, sim, se divide em direita e esquerda, ao menos na sensibilidade, na concepção de homem e do agir no mundo. Mas não é a única divisão. Existe outra tão importante quanto e que opera ao mesmo tempo: o mundo se divide também entre messiânicos e não messiânicos. É preciso entender a política com essas duas camadas girando independentes.

Os messiânicos têm uma inquietação quanto ao jeito que o mundo é e querem mudá-lo com urgência. Os não messiânicos não necessariamente estão de acordo com o mundo, ou com a condição humana, mas de qualquer forma não pensam que seja possível fazer grandes e drásticas mudanças. Pensam o homem como aperfeiçoável.

Os messiânicos não partem da realidade, mas, sim, de um dogma de como o homem e o mundo deveriam ser. Eles brigam com a realidade, que ainda não se dobrou a como eles sabem a priori que é certo. Os não messiânicos tendem a ser orientados pela vivência concreta no mundo, se baseiam em experiências que deram certo para traçar a ação e brigam menos com a realidade.

O respeito à diferença é o central nessa questão. O messiânico pensa estar montado na verdade, portanto vai querer impor a sua visão. Por isso tende ao pensamento único e ao totalitarismo, pois só ele sabe o que é bom para todos. Os não messiânicos têm dúvidas, compreendem a humanidade como plural e não acreditam em um saber que daria conta de tudo. Portanto, são mais flexíveis à pluralidade dos costumes e saberes.

Embora existam religiões não messiânicas, esse sistema de pensamento é herdeiro laico das religiões que querem salvar o mundo do pecado.

Portanto, podemos ter partidos messiânicos e não messiânicos de direita e esquerda. A esquerda não necessariamente tende ao messianismo, e se contabilizarmos as ditaduras do mundo árabe, estatisticamente, existe mais messianismo de direita.

Use essa variável a mais e não cairá na tolice de classificar o nazismo como de esquerda. Ou nas simplificações toscas como: os extremos se tocam. Na verdade, eles apenas coincidem em sua ânsia do agir político e não sobre as pautas. A moeda comum é a prepotência.

A partir de hoje, a coluna de Mário Corso será veiculada às quartas-feiras neste espaço.

JOCIMAR FARINA

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