05 DE MAIO DE 2020
CORONAVÍRUS
Supermercados veem nova postura dos consumidores
Essenciais para o abastecimento da população, os supermercados precisaram adaptar suas operações à realidade imposta pelo coronavírus. Ao mesmo tempo em que clientes mudaram hábitos de consumo, redes do setor intensificaram medidas para tentar frear o avanço da covid-19 no Rio Grande do Sul. O pacote de ações inclui, por exemplo, limpeza constante de cestas e carrinhos de compras, além de uso de equipamentos de proteção por parte de funcionários, indica a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas).
- Passamos a recomendar controle nos acessos às lojas, higienização constante, distanciamento entre as pessoas nas filas. São ações diversas. O setor mantém cerca de 100 mil funcionários no Estado. Eles estão na linha de frente de atuação na pandemia - relata o presidente da Agas, Antônio Cesa Longo.
As medidas sugeridas pela entidade foram listadas em uma cartilha para associados. Dicas de exposição de produtos nas lojas e de cuidados com a saúde dos funcionários também aparecem no documento (veja mais detalhes no quadro). Apesar disso, Longo pondera que nem sempre há como garantir que todas as empresas sigam todas as recomendações:
- O setor não tem poupado esforços. Buscamos orientar, mostrar o que é certo e o que é errado, mas não podemos garantir que todos façam tudo o que é pedido. Existem os bons e os maus. É assim em qualquer ramo da economia.
Cuidados
Segundo o dirigente, o coronavírus também provocou série de mudanças no comportamento de consumidores. Na fase inicial da pandemia, clientes demonstraram temor de desabastecimento nas lojas. Por isso, reduziram o número de visitas aos supermercados, mas compraram mais em cada ida às gôndolas, pontua Longo. Essa foi a etapa marcada pelos carrinhos repletos de produtos.
Agora, a fase é outra. Com receio de perda de empregos em razão da crise, parte dos consumidores foge das extravagâncias e compra apenas itens básicos, diz o presidente da Agas:
- A postura mudou. No primeiro momento, com o receio de desabastecimento, as pessoas reforçaram as despensas. Depois, começaram a comprar para fazer doações. Agora, consumidores identificam que pessoas próximas perderam empregos. Assim, adquirem só o necessário.
Além das medidas adotadas pelos supermercados, quem vai às lojas para fazer compras também precisa tomar precaução para conter o avanço do coronavírus, destacam especialistas na área médica. Professor de epidemiologia da UFRGS, Jair Ferreira chama atenção para a necessidade do uso de máscaras. Ele ainda ressalta que os clientes devem evitar contatos com outros consumidores nos corredores e nas filas.
- O risco nunca será zero. Seria uma utopia pensar que seria possível uma situação assim. Mas, se usarmos máscaras e respeitarmos a distância nas filas, estaremos minimizando os riscos - pontua o professor.
Ferreira ainda sublinha que ações de prevenção tomadas pelos supermercados, como higienização de carrinhos e cestas de produtos, ajudam a frear o coronavírus.
Dicas contra o vírus. A Agas criou uma cartilha para funcionários e donos de supermercados. Confira um resumo das recomendações
A limpeza das mãos deve ser feita na chegada ao supermercado, ao longo do dia de trabalho e no retorno para casa. O álcool gel deve ser usado pelo trabalhador ao organizar produtos e encostar em equipamentos ou dinheiro
Se o funcionário sentir sintomas como febre, tosse ou dificuldades para respirar, deve comunicar à empresa. Cabe aos supermercados monitorar as condições de saúde dos trabalhadores
Carrinhos e cestas na entrada das lojas devem ser higienizados de maneira constante
Operadores de caixa têm de higienizar o espaço em que os clientes depositam suas compras na hora do pagamento. Na padaria, o recomendável é incrementar a exposição de pães industrializados, para evitar filas no balcão de atendimento. No açougue, a sugestão é fortalecer a venda de produtos já embalados
LEONARDO VIECELI
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